Uma equipa de investigadores da Escola de Ciências da UMinho (ECUM) descobriu recentemente mais de meia centena de espécies ao largo da costa de Viana do Castelo.
Dentro das “surpresas” destacam-se algumas esponjas de profundidade, populações de gorgónias bem conservadas e mesmo corais duros que geralmente só ocorrem a maiores profundidades.
Neste leque não há para já espécies novas para o mundo, mas várias delas são inéditas no Norte de Portugal e apresentam distribuição limitada geograficamente.
Ao longo dos últimos três anos e até Setembro de 2023, cientistas do projecto “Atlântida” estão a estudar as zonas marítimas mais profundas, a chamada zona de penumbra, onde a luz muito ténue que atinge o fundo não possibilita a fotossíntese, e que é muito pouco analisada a nível mundial.
“Estamos a lidar com ecossistemas marinhos vulneráveis, que suportam espécies de conservação prioritária pela União Europeia e são muito importantes para a saúde dos ecossistemas marinhos; temos detetado inclusive espécies nunca antes observadas em Portugal”, avança Pedro Gomes, investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e professor do Departamento de Biologia da ECUM.
Alguns dos registos conhecidos neste âmbito ao largo de Viana do Castelo têm mais de um século e resultam de capturas acidentais, logo não estão actualizados nem indicam a distribuição, o estado das populações e a sua importância no ecossistema, nomeadamente como habitat para os recursos pesqueiros, realça o responsável.
Com o objectivo de conseguir dados de base e desenvolver uma plataforma de monitorização do Oceano Atlântico Norte, os investigadores fazem batimetria (mapas detalhados do fundo do mar) para localizar as zonas desses habitats prioritários e avaliar os respetivos parâmetros e factores de ameaça.