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SAÚDE (Escolas)

SAÚDE (Escolas) -
Novo estudo demonstra que 1 em cada 3 turmas ainda não tem acesso a fruta gratuita na escola

Mais de 35% das turmas de jardim-de-infância e de 1º ciclo do ensino básico participantes no desafio “Heróis da Fruta” no ano letivo de 2022/2023 não tiveram acesso a frutas ou hortícolas distribuídas gratuitamente na escola.

É a principal conclusão de um e estudo realizado pela equipa de investigadores do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), em parceria com a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI).

No total, 35,3% das turmas de jardim de infância e de 1º ciclo do ensino básico não tiveram acesso a frutas ou hortícolas distribuídas gratuitamente na escola.

O estudo passou por analisar os dados relativos a uma amostra de 21.773 alunos entre os 2 e os 13 anos de idade, de 586 estabelecimentos de ensino de todas as regiões de Portugal (continental e arquipélagos), participantes no projeto “Heróis da Fruta”, que se trata da maior iniciativa gratuita de educação alimentar do país.

«Neste estudo, a Madeira foi a localidade onde mais se reduziu a percentagem de crianças que não consumia frutas ou hortícolas diariamente e foi, ao mesmo tempo, a região em que as turmas mais relataram usufruir de fontes de financiamento para terem acesso gratuito a hortofrutícolas», aponta o estudo.

Por outro lado, «as crianças de Beja foram das que mais aumentaram o consumo diário de frutas ou hortícolas, apesar de esta ter sido uma das regiões com menor acesso gratuito a estes alimentos».

Estes dados sugerem que «o acesso gratuito a estes alimentos, por si só, não determina o aumento do seu consumo».

Por isso, «além da oferta alimentar, são necessárias ações específicas, que promovam o consumo de frutas e hortícolas nas escolas, como é o caso da iniciativa Heróis da Fruta», considerou Raquel Martins, nutricionista e investigadora do ISAMB/FMUL.

Análise do estudo:

As desigualdades no acesso gratuito a fruta na escola entre distritos e regiões:

Relativamente à distribuição gratuita de frutas e hortícolas no lanche escolar, a frequência de acesso a nível nacional das turmas inquiridas situava-se nos 64,7%.

Madeira (87,9%), Braga (86,1%) e Viseu (83,3%) foram as três regiões em que se verificou a maior percentagem de turmas com acesso a fruta distribuída gratuitamente na escola. Seguiram-se os distritos de Coimbra (80,0%), Faro (77,5%), Leiria (73,1%), Santarém (72,9%), Bragança (70,0%), Lisboa (69,8%), Aveiro (69,6%), Porto (62,7%), Castelo Branco (54,5%), Setúbal (54,1%), Évora (50,0%), Vila Real (45,0%), Açores (42,1%), Guarda (40,0%), Beja (37,1%) e Viana do Castelo (20,3%). Portalegre (13,3%) foi o distrito onde se verificou a menor percentagem de turmas com acesso gratuito a estes alimentos.

Quanto à fonte de financiamento, 66,4% das turmas com acesso a fruta gratuita relataram que o mecanismo de apoio a que recorreram foi o Regime Europeu de Fruta Escolar, 13,8% utilizaram verbas do próprio estabelecimento de ensino ou associação de pais, 11% beneficiaram do banco alimentar local, e 8,8% obtiveram apoio direto por parte das autarquias.

Diferenças nacionais no consumo diário de fruta na escola

A nível nacional, observou-se que 26,3% das crianças não consumia fruta diariamente na escola, antes de participar no projeto Heróis da Fruta.

A nível regional, verificou-se que as crianças dos Açores (40,8%), de Beja (40,4%) e de Bragança (40,0%) foram as que mais relataram não consumir fruta e hortícolas todos os dias, antes da intervenção. Logo em seguida Castelo Branco (31,3%), Évora (31,2%), Faro (30,7%), Viana do Castelo (30,2%), Porto (27,8%), Guarda (27,3%), Vila Real (27,1%), Braga (26,0%), Lisboa (25,4%), Leiria (25,2%), Viseu (24,7%), Setúbal (23,4%), Portalegre (23,3%), Coimbra (21,9%), Aveiro (20,5%), Santarém (19,2%) e Madeira (14,1%).

A nível municipal, os dados revelam diferenças ainda mais marcantes – em 33 municípios (dos 170 participantes) verificou-se que mais de 40% das crianças não consumia fruta diariamente na escola, sendo a realidade mais preocupante nos municípios de Ponte da Barca, Portel e Freixo de Espada à Cinta (percentagens superiores a 80%). Todavia, importa realçar que Portel e Freixo de Espada à Cinta fazem parte dos municípios onde mais se conseguiu reduzir a percentagem de crianças que não consumiam frutas todos os dias, no final da implementação do projeto.

Por outro lado, em 10 municípios (Alcanena, Arraiolos, Azambuja, Caminha, Nazaré, Santo Tirso, Seia, Sertã, Vila do Porto e Vila Verde) observaram-se indicadores bastante positivos, com todas as crianças participantes a consumir pelo menos uma porção de hortofrutícolas diariamente na escola.

Heróis da Fruta “garantiu ingestão de pelo menos 1 milhão de porções de fruta e hortícolas nas escolas.

Com a participação no desafio escolar Heróis da Fruta, a nível nacional, observou-se uma redução de 54,8% na percentagem de alunos que levava diariamente lanches pouco saudáveis para a escola (passando de 29,2% para 13,2% entre a primeira e a quinta semana da intervenção escolar).

À exceção da Madeira (onde nenhuma criança levava lanches poucos saudáveis para a escola antes da intervenção), verificou-se, em todas as regiões, uma redução no consumo diário de lanches menos nutritivos, após a implementação do projeto Heróis da Fruta. Castelo Branco (75,4%), Vila Real (75,0%) e Évora (72,2%) foram os distritos onde se registou a maior redução do consumo de alimentos pouco saudáveis ao lanche.

Seguindo-se a região dos Açores (69,8%), Porto (62,4%), Braga (60,7%), Coimbra (57,8%), Faro (56,7%), Beja (56,7%), Guarda (56,7%), Santarém (53,4%), Aveiro (53,2%), Leiria (50,6%), Lisboa (50,0%), Setúbal (49,2%), Viana do Castelo (48,6%), Viseu (48,4%), Portalegre (43,2%) e Bragança (35,5%).

Quase metade das crianças participantes (48,5%) consumiram pela primeira vez, durante o desafio escolar Heróis da Fruta, pelo menos um hortofrutícola que nunca tinham experimentado antes.

Além disso, a nível nacional, entre a primeira e a última semana da intervenção, verificou-se um aumento de 3,8 pontos percentuais na proporção de crianças que cumpriu o desafio selecionado, passando de 77,5% para 81,3%. Os desafios mais escolhidos foram consumir uma ou duas porções de fruta ou hortícolas diariamente na escola (43,0% e 19,1% das turmas, respetivamente). Nesta edição do projeto Heróis da Fruta foram consumidas, pelo menos, 979.575 porções de fruta nas turmas participantes (assumindo que o consumo na semana 1 se manteve igual à semana 2, 3 e 4).

Mário Silva, presidente da APCOI, afirmou que “desde 2011 a iniciativa Heróis da Fruta contribuiu ativamente para melhorar os hábitos alimentares de mais de 660 mil crianças, de todos os distritos e regiões de Portugal. Um sucesso que só é possível alcançar graças ao envolvimento de todos os parceiros que apoiam esta iniciativa.” A 13.ª edição do desafio escolar Heróis da Fruta é realizada, uma vez mais, com o apoio principal da ALDI. Mário Silva acrescenta que “na última edição, o projeto Heróis da Fruta registou um recorde de participação com mais de 80 mil alunos e chegou a 70% dos municípios portugueses. Este ano letivo queremos levar a iniciativa ainda mais longe”.

As inscrições para o ano letivo 2023/2024 já estão abertas para todas as turmas de pré-escolar e 1º ciclo de estabelecimentos públicos ou privados e podem ser feitas gratuitamente em www.heroisdafruta.com até ao final do mês de Outubro.

O relatório completo deste estudo será publicado simultaneamente nos sites oficiais da APCOI (http://www.apcoi.pt) e do ISAMB (http://isamb.medicina.ulisboa.pt) no dia 16 de outubro (Dia Mundial da Alimentação).

[email protected]

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