Search
Close this search box.
Search
Close this search box.
TRIBUTO

TRIBUTO -
Amares lembra 25 de abril com os olhos postos naquilo que falta fazer para fortalecer a democracia

Além de lembrar as cinco décadas de democracia, que se seguiram à revolução de 25 de abril de 1974, as comemorações realizadas esta quinta-feira em Amares colocaram a tónica no presente e no futuro, alertando para a necessidade de fortalecer a democracia.

Essa foi, aliás, a ideia central em muitos dos discursos, sobretudo vincada pelo presidente da Câmara de Amares, Manuel Moreira, e mais ainda pelo presidente da Assembleia Municipal, João Januário Barros, que deram conta dos “perigos” que a democracia enfrenta.

Como é habitual, as cerimónias em Amares abriram com a deposição de uma coroa de flores no monumento de homenagem aos combatentes, seguindo-se a revista às forças em parada, num momento sempre especial para os Bombeiros Voluntários e para a Cruz Vermelha.

Depois da interpretação de várias músicas pela Banda Filarmónica de Santa Maria de Bouro, o salão nobre da autarquia recebeu a sessão protocolar, que abriu com a atuação dos alunos da Associação Fluir Artes Musicais (AFAM) e integrou a homenagem aos funcionários municipais com mais de 35 anos de serviço, além da leitura de um texto por parte de uma aluna do Agrupamento de Escolas de Amares.

CONTRA O POPULISMO

Na sessão solene da Assembleia Municipal, coube a Domingos Paulo, do PS, o primeiro discurso. Lembrou o “momento de coragem” que em 1974 permitiu soltar o país das “amarras da ditadura”, naquela que foi “não foi apenas uma revolução política”, tendo-o sido também no campo “da consciência e dos valores”.

Domingos Paulo frisou, no entanto, que comemorar o 25 de abril “é mais do que lembrar o passado”, porque “a luta pela liberdade e pela justiça nunca termina”, sendo um processo feito diariamente. “A liberdade, a igualdade, a fraternidade e, sobretudo, a paz nunca podem ser dados como garantidos e precisam de ser valorizados todos os dias”, vincou.

Elisabete Macedo, da coligação Juntos por Amares (PSD/CDS-PP), acrescentou as mudanças que a revolução significou no papel atribuído às mulheres e destacou a importância do poder local e do associativismo na construção do Portugal democrático, apontando depois aos jovens.

“Não permitam que a cultura dos ecrãs e das redes sociais vos deixe enganar através de populismos e de falácias”, apontou, defendendo a necessidade de cada cidadão “desenvolver espírito crítico” sobre aquilo que o rodeia.

Os apelos deixados pelos representantes das duas forças com assento na Assembleia Municipal foram depois reiterados pelo presidente da Câmara de Amares, Manuel Moreira, para quem Portugal “começou de novo” em 1974, após “derrubar um regime que engordou os bolsos dos grandes senhores” e obrigava o “povo a viver na pobreza”.

Apesar do “muito que foi feito” em cinco décadas, Moreira chamou a atenção para a necessidade de “valorizar o sistema político”, criticando quem “se serve da política para engrandecer o ego”.

“O mais importante dos compromissos é a construção de uma democracia forte, robusta e responsável. Vale tanto o voto do pobre ignorante como do rico poderoso”, reforçou o  autarca amarense.

A terminar, o presidente da Assembleia Municipal, João Januário Barros, foi ainda mais incisivo, apontando as “desigualdades”, a “corrupção” e o “alheamento político” como perigos da democracia, que permitem o crescimento de “populismos” e “movimentos extremistas” que ameaçam o regime democrático.

Para que isso não aconteça, sublinhou, há que dar melhores condições às novas gerações, que se veem “confrontadas com um futuro com poucas perspetivas e assente na precariedade”, o que torna necessário “lutar pela realização de uma democracia económica e social”.

“A democracia não é um presente, mas uma conquista que precisa de ser constantemente defendida e reforçada”, concluiu João Januário Barros.

Depois da cerimónia da manhã, a partir das 15h30, na Galeria da Artes e Ofícios, acontece o segundo momento das comemorações, onde se inclui a homenagem a antigos autarcas – municipais e de freguesia – e um arraial popular aberto a toda a população.

Partilhe este artigo no Facebook
Twitter
COMENTÁRIOS
OUTRAS NOTÍCIAS