Os líderes regionais do Norte de Portugal e da Galiza exigiram esta terça-feira um investimento urgente no “obsoleto” comboio internacional Celta, que une o Porto a Vigo, considerando que o projecto futuro de alta velocidade não é desculpa para não se investir no presente.
“Recordamos que a actual ligação, o chamado comboio Celta, entre Porto e Vigo, se efectua em duas horas e meia, com material muito obsoleto e oferece condições de serviço que devem ser actualizadas com urgência enquanto a ligação do Eixo Atlântico [por alta velocidade] não se concretizar para tornar possível que tal viagem ocorra no tempo máximo de uma hora”, pode ler-se numa declaração conjunta assinada esta terça-feira em Valença entre a Xunta da Galiza e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Apesar de olhar já para o comboio de alta velocidade, para o presidente da CCDR-N, António Cunha, “o Celta é presente. mas é um presente que também será futuro”, e “nos próximos oito anos a ligação do Porto à Galiza faz-se com o Celta e far-se-á com o Celta, e é importante que seja uma ligação muito melhor do que aquela que é hoje”.
No seu discurso, após a assinatura da declaração, o líder regional falou do comboio actual como um “elemento museológico mas nem sequer é bonito, que funciona mal, que funciona poucas vezes e que não serve a Euro-Região” Galiza – Norte de Portugal.
Questionado acerca da continuação do uso de comboios diesel numa linha já toda electrificada, António Cunha respondeu que essa circunstância “não é razoável face ao investimento que se fez na electrificação da linha”.
“Sobretudo é um comboio que não é cómodo, que é lento, mas também que tem uma oferta muito pequena, os horários disponíveis são muito reduzidos”, vincou.
Para António Cunha, “é importante o investimento no Celta, porque o metabolismo económico da Euro-região tem crescido, e as trocas transfronteiriças turísticas também têm crescido muito, nomeadamente no contexto dos caminhos de Santiago”.
Já o presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, vincou que “não é admissível que até ao ano de 2032 haja um comboio Celta nestas condições”.
“Com esta velocidade tão baixa para o que são as ligações ferroviárias actualmente, com comboios que são muito melhoráveis, com combinações e frequências que não são as melhores, creio que isto se pode solucionar com um esforço muito menor”, advogou.
Para Alfonso Rueda, “não seria um argumento aceitável dizer que como haverá a grande infra-estrutura [de alta velocidade] dentro de oito anos, não vale a pena investir durante estes oito anos no comboio Celta”.