A apresentação do livro ‘O Mundo Velho Está a Morrer. O Novo Ainda Não Nasceu. Este é o Tempo dos Monstros’, de António Avelãs Nunes, em Barcelos, provocou um debate sobre o papel do “imperialismo americano” na instigação da guerra e do militarismo e “a luta dos povos por uma alternativa”.
Na apresentação, inserida no Roteiro do Livro Insubmisso promovido pela Direcção da Organização Regional de Braga do PCP, realizada na Casa da Juventude de Barcelos, António Avelãs Nunes deixou uma frase que marcou o encontro: “Não posso dizer qual o dia e hora do fim do Capitalismo. Não sei se vai durar anos ou décadas. Mas uma coisa posso afirmar, o capitalismo tem os séculos contados.”
O escritor natural de Pinhel respondia assim a uma pergunta do público durante a apresentação do seu livro, editado pela Página a Página.
Foi, contudo, a situação do mundo de hoje que dominou a apresentação que António Avelãs Nunes fez da sua obra, começando por citar o intelectual norte-americano Noam Chomsky: os EUA “são a maior ameaça à paz mundial”.
Referindo diversos exemplos de declarações de responsáveis políticos e militares de EUA, UE, NATO, França, Alemanha e Ucrânia, descreveu “a forma premeditada e provocatória como os EUA foram provocando a Federação Russa para a guerra, ora expandindo a NATO até às suas fronteiras, ora subvertendo sucessivas acordos internacionais”.
“E se o México ou o Canadá fizessem uma aliança militar com a Rússia ou com a China, como reagiriam os EUA?” perguntou António Avelâs Nunes, lembrando a chamada crise dos misseis em Cuba.
Citando o Papa Francisco referiu “Andaram a ladrar às portas da Rússia”, provocando uma reacção deste país. Houve ainda tempo para lembrar as declarações de Macron e de Merkel que recentemente reconheceram que os acordos de Minsk 1 e 2 foram vistos pelos países ocidentais apenas como “uma forma ganhar tempo para a guerra”.
Pese embora a avaliação muito critica sobre a situação actual, o autor do livro partilhou uma mensagem optimista sobre o futuro, sublinhando que “o mundo está a mudar, os povos estão a reagir ao imperialismo dos EUA e a forjar alternativas”.
Daí que o capitalismo tenha “os séculos contados”.
O “INIMIGO” RUSSO
Coube a Luís Miguel Loureiro, doutorando em Ciências da Comunicação e professor da Universidade do Minho, enquadrar o livro e os seus conteúdos. Partindo da sua área de estudo – a comunicação – e da sua experiência como jornalista na RTP e noutros órgãos de comunicação social, ilustrou a forma como a comunicação social dominante na europa ocidental e nos EUA foi evoluindo no tratamento da guerra na Ucrânia, “ao ponto de anular praticamente qualquer cobertura que abrangesse os dois lados do conflito e fosse ao fundo das questões”.
Referindo que a guerra na Ucrânia “está em linha com outras guerras com um papel activo da NATO”, do Iraque, passando pela ex-Jugoslávia, Síria ou Líbia, destacou “o colossal investimento feito na propaganda de guerra para convencer os povos da existência o inimigo russo e da necessidade de o combater”.
Classificando o livro como de leitura “absolutamente obrigatória”, destacou o direito à paz que assiste aos povos e elogiou o contributo desta obra para despertar consciências.
Vítor Bertolucci, da Organização Concelhia de Barcelos do PCP, valorizou a iniciativa como uma contribuição para “a indispensável reflexão” critica sobre o mundo em que vivemos e lembrou que ao longo de vários meses, o Roteiro do Livro Insubmisso percorreu diversos concelhos de Braga, com a divulgação de obras literárias sobre a resistência ao fascismo, a Revolução de Abril e as mudanças na contemporaneidade e garantiu que a DORBraga do PCP está já a preparar uma 2.ª edição.