Uma equipa do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho está a desenvolver uma rede atlântica de monitorização de pescas baseada em “códigos de barras de ADN”, uma iniciativa elogiada pela “Década do Oceano” das Nações Unidas.
Estes dados genéticos (cada espécie possui uma “impressão digital”) permitem, na fase larvar da espécie, uma identificação mais objetiva e rápida do que a abordagem morfológica tradicional.
“Desenvolvimentos tecnológicos a nível de quantidade de dados genéticos e de ferramentas bioinformáticas tornam o uso dos DNA barcodes para a monitorização ambiental uma ferramenta excecional”, avança o coordenador do projeto, Filipe Costa. “Com a recolha de água do mar, podemos identificar espécies através do ADN que estas libertam, conhecido por ADN ambiental”, acrescenta o biólogo Luís Machado.
O projeto chama-se Fish-DNA-Monitor, tem um financiamento de 212 mil euros da Aga Khan Development Network e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e junta 15 investigadores da UMinho, do Instituto Nacional de Investigação em Pescas e Oceanografia da Guiné-Bissau e do Instituto Espanhol de Oceanografia.
Os cientistas portugueses estiveram recentemente na Guiné-Bissau a dar formação sobre o uso de DNA barcodes para catalogar espécies e proteger a biodiversidade. Foram coletadas diversas amostras de peixes e larvas e os resultados provisórios identificaram biodiversidade que era desconhecida naquela região.
Integrado na iniciativa, decorreu também em Mindelo, Cabo Verde, o workshop final do projeto A-Fish-DNA-Scan. Com um orçamento de 290 mil euros da FCT, foi desenvolvido pelo CBMA, em parceria com as universidades do Algarve, Coimbra, Estadual de São Paulo (Brasil) e Técnica do Atlântico (Cabo Verde), além do Instituto do Mar de Cabo Verde, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e o Oceanário de Lisboa.
A sessão permitiu discutir e demonstrar as técnicas aplicadas e divulgar os resultados dos estudos realizados no Brasil, Cabo Verde e Portugal. “Por exemplo, na costa sul de Portugal, foi possível detetar 75 espécies de larvas de peixes através do ADN, um valor muito superior às 11 detetadas por métodos tradicionais”, destacou a bióloga Sofia Duarte, uma das responsáveis pelo projeto.