A investigadora Diana Priscila Pires, do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho, acaba de ser distinguida, em Lisboa, com uma Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência. A cientista – diz o Gabinete de Comunicação da Reitoria – vai receber 15 mil euros para “melhorar a eficácia da terapia fágica no combate à bactéria Pseudomonas aeruginosa, que é muito resistente a antibióticos e está associada a graves infeções hospitalares e a elevada mortalidade”.
O prémio atribuído pela L’Oréal Portugal, Comissão Nacional da UNESCO e Fundação para a Ciência e a Tecnologia visa incentivar investigadoras em Portugal, já doutoradas e até aos 35 anos, a prosseguirem estudos originais e relevantes para a saúde e o ambiente. É o quarto ano consecutivo que um dos prémios vem para a UMinho, após Isabel Veiga (ICVS – Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde), Margarida Fernandes (CEB e Centro de Física) e Joana Cabral (ICVS). A Medalha de Honra L’Oréal Portugal vai na sua 16ª edição e pretende contribuir para aumentar o número de cientistas mulheres a nível mundial, que continua abaixo dos 30%.
VÍRUS BACTERIANOS
Na sua investigação, Diana Priscila Pires “trabalha com vírus bacterianos que não são lesivos aos humanos, mas que infetam as bactérias nocivas. Chamam-se fagos ou bacteriófagos. São considerados promissores para tratar infeções bacterianas que não respondem aos antibióticos”. Porém, – acrescenta a Uminho – “os fagos que combatem a Pseudomonas aeruginosa têm algumas limitações, o que Diana quer ultrapassar com a manipulação dos respetivos genomas”. “Pretendo desenvolver uma ferramenta de edição genética de fagos de forma a melhorar as suas propriedades antibacterianas e, no caso de estes fagos apresentarem resultados promissores in vitro, poderão ser posteriormente testados in vivo em animais de laboratório para comprovar a sua eficácia”, resume.
MELHOR QUE ANTIBIÓTICOS
A resistência a antibióticos é um problema global e a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou recentemente a P. aeruginosa como prioritária a combater. Esse cenário exige novas terapias, como a fágica, que apresenta vantagens face aos antibióticos, ao centrarem-se num tipo de bactérias e sem outro efeito no organismo. A P. aeruginosa está associada a infeções hospitalares, que atingem 7 em cada 100 pacientes hospitalizados nos países desenvolvidos (10 em 100 nos restantes países), segundo a OMS. Estas infeções estão ligadas a mais de 30 mil mortes na Europa por ano e a 7000 milhões de euros de custos diretos de internamento extra por ano. Estima-se que 30% dos doentes nos cuidados intensivos dos países ricos desenvolvam pelo menos uma infeção hospitalar e que o valor seja duas a três vezes superior nos restantes países.
Nascida em Chaves há 32 anos, Diana Priscila Pires é investigadora de pós-doutoramento no CEB, na Escola de Engenharia da UMinho, onde fez o mestrado e o doutoramento em Engenharia Biomédica, este último em parceria com o MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), no qual trabalhou um ano no Grupo de Biologia Sintética.