O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos considerou esta quinta-feira um “erro gravíssimo” o Governo tentar “adocicar” os números de casos covid-19 e afirmar que não há um crescimento da pandemia em Lisboa e Vale do Tejo.
“O pós-covid é uma coisa que todos desejamos, particularmente, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos que, neste momento, está a seguir 21 cidadãos da sua lista de utentes de Camarate que estão infectados e mais seis doentes de uma colega que está de férias”, disse Roque da Cunha à agência Lusa.
O sindicalista contou que não é “caso único” na Unidade de Saúde Familiar (USF) da Travessa da Saúde, em Camarate, no concelho de Loures, onde trabalha.
“Todos os meus colegas têm, em média, cerca de 25 pessoas que neste momento estão infectadas”, disse o médico que esteve em quarentena duas semanas em Março depois de a USF onde trabalhava ter encerrado na sequência da confirmação de dois casos positivos de covid-19.
O dirigente sindical lembrou que “cada pessoa que é infectada não é um número”: “estamos a falar de pessoas que vivem sozinhas ou pessoas que vivem em casas com imensas pessoas”, alguns deles ilegais com dificuldades em arranjar o sustento.
“Portanto, do ponto de vista do Sindicato Independente dos Médicos, é um erro gravíssimo essa proclamação do senhor primeiro ministro e do Ministério da Saúde” de que, “à força tentarem adocicar os números”, dizerem que não há um crescimento da pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Roque da Cunha sublinhou que “ninguém mais do que o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos quer que este problema se resolva, ninguém mais do que o secretário-geral do Sindicato Independente adora almoçar fora, fazer compras e desejar que a economia rapidamente recupere a sua força”.
“O que o secretário-geral do Sindicato Independente não quer é que sejam transmitidas à população mensagens que não sejam mensagens claras”.
O primeiro-ministro, António Costa, rejeitou, na segunda-feira, a ideia de que haja um crescimento da pandemia de covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, contrapondo a tese de que há mais casos conhecidos porque foram realizados mais testes, negando que se verifique “um descontrolo da situação ou um aumento da pandemia” na Grande Lisboa.