Dificuldades de marcação de consultas presenciais, problemas nas comunicações e pedidos de maior atenção aos idosos. Estes foram alguns dos pontos-chave discutidos esta quarta-feira, numa reunião que juntou responsáveis políticos e dirigentes do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Gerês-Cabreira, na Câmara de Amares.
Ao longo de cerca de hora e meia, vereadores e presidentes de Junta – sobretudo estes – apresentaram questões e transmitiram as preocupações da população, focando especialmente os idosos, uma faixa etária que tem mais dificuldade em aceder aos cuidados de saúde.
A intervenção mais inflamada foi do presidente da Junta de Caldelas, Paranhos e Sequeiros, José Almeida, que já subira o tom na última Assembleia Municipal, pedindo «outro tratamento» por parte das estruturas de saúde relativamente aos idosos e aos doentes crónicos.
Nas várias respostas que foi dando, o Director Executivo do ACeS, Nuno Oliveira, admitiu que o congestionamento telefónico «é um problema grave a nível nacional» e que está planeada uma intervenção alargada nesse âmbito.
«As centrais de todos os centros de saúde da região Norte vão ser substituídas, porque era já era um problema antes da Covid-19. A partir do momento em que assentamos a nossa acção nos telefones, tornou-se muito mais problemático», referiu.
Sobre esta questão, a presidente do Conselho Clínico do ACeS, Rita Pinheiro, disse que actualmente «não é possível saber o número de quem liga» nem «há sinal de interrompido», mas que as novas centrais «vão permitir dar outro tipo de resposta», nomeadamente marcação de consultas e pedido de medicamentos sem ser necessário falar com um profissional.
A responsável admitiu que a quantidade de consultas presenciais «é um terço do que se fazia antes, com a agravante de terem estado suspensas durante algum tempo», pelo que um dos objectivos imediatos é aumentar o número de consultas presenciais.
«Neste momento, estamos a chamar as pessoas de acordo com o grau de risco, que é algo que temos que avaliar, assim como perceber quem é prioritário. Estamos a trabalhar para encontrar formas de aumentar a quantidade de consultas, mas está a ser muito difícil», sublinhou.
Actualmente, cerca de 60% da actividade assistencial de medicina geral e familiar é feita de forma não presencial, sendo realizada sobretudo por telefone e “e-mail”.
VACINA DA GRIPE
Rita Pinheiro adiantou que, «possivelmente já a partir da próxima semana», o ACeS Gerês-Cabreira vai iniciar o período de vacinação, sendo que os utentes «serão contactados» para tal.
«Estamos a trabalhar na criação de um circuito alternativo, dentro das estruturas de saúde, para que as pessoas que vão para a vacina não ocupem a sala de espera. A ideia é que entrem, sejam vacinadas e saiam», explicou.
Com isso, o ACeS acredita que «vai ser possível vacinar um grande número de pessoas num curto espaço de tempo».
«As pessoas não devem ir ao centro de saúde nem telefonar para perguntar pela vacina da gripe, porque vão ser convocadas e contactadas para proceder à vacinação», frisou.
ELOGIO DO DIRECTOR
Embora tenha admitido que «existem problemas e constrangimentos», Nuno Oliveira lembrou que o ACeS Gerês/Cabreira ocupa o 9º lugar a nível nacional no “ranking” no que diz respeito ao seu desempenho assistencial, pedindo que os profissionais de saúde sejam «acarinhados e não enxovalhados».
«Antes e depois do Covid-19 é do melhor que se faz no país. Somando as duas unidades de saúde familiar e a unidade de cuidados na comunidade, entendemos que temos um excelente nível de cuidados de saúde primários no concelho», apontou.