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TERRAS DE BOURO

TERRAS DE BOURO -
Associação ambiental denuncia «atentado» contra o Rio Gerês

A Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS) denunciou, esta segunda-feira, um «atentado» contra o Rio Gerês, tendo em conta a instalação de duas plataformas sobre o rio, no âmbito do projecto Raia Termal, que está a ser executado pela Câmara de Terras de Bouro e é financiado por fundos comunitários.

«Não pode a FAPAS ficar indiferente a esta desastrosa intervenção que contraria todas as orientações e directivas da União Europeia em matéria de ambiente, pelo que, em caso nenhum, pode ser custeada por fundos vindos de Bruxelas, que o mesmo é dizer, pelos nossos impostos», refere.

Em comunicado, a associação refere que, «se esses fundos foram usados, há que os devolver», anunciando que irá apresentar uma participação no OLAF – Organismo Europeu de Luta Antifraude da Comissão Europeia.

A FAPAS acrescenta que já apresentou «uma queixa às autoridades portuguesas para adequada investigação do cumprimento da legislação de ordenamento do território, nomeadamente do Plano Director (PDM) de Terras do Bouro e do Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG)».

«Não se conhece o uso previsto para essas plataformas, mas seja qual for, revelam muito mau gosto e desrespeito pela paisagem que dá valor à Vila do Gerês e ao PNPG onde se insere», sublinha.

Para a associação, as plataformas «vão contribuir muito para a prevenção de riscos quando o rio entrar em caudal de cheia e arrastar vegetação, que ficará encravada contra os pilares destas estranhas estruturas, criando como que uma barragem, com o rio a ganhar velocidade e a galgar para a avenida 20 de Junho».

«Depois digam que são desastres naturais», alerta.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, acusou a associação de tentar «criar ruído político», assegurando que a obra cumpre todos os requisitos legais.

«Não cabe na cabeça de ninguém que uma entidade pública como a Câmara Municipal realize uma intervenção sem os devidos pareceres, licenciamento e autorizações. Eu entendo isto como sendo uma tentativa para criar ruído político. Mais nada», afirmou.

Citado pela Lusa, Manuel Tibo disse ser «estranho que a FAPAS se tenha lembrado agora de Terras de Bouro».

«Nunca os vi envolvidos na erradicação das espécies invasoras na linha de água que são uma verdadeira praga. Nunca os vi envolvidos na questão do saneamento que são derramados para os rios, a nível nacional, na Albufeira da Caniçada. Esses atendados gostava de os ver bem escamoteados», apontou.

Segundo o autarca, a intervenção realizada ao abrigo de «um programa transfronteiriço que visa única e exclusivamente promover a raia termal e que está em fase de conclusão», encontra-se «devidamente autorizada, licenciada e que será uma mais valia para o Rio Gerês».

Manuel Tibo explicou que se trata de «duas plataformas de visitação sobre o rio, assentes em quatro pilares cada uma, apoiados no leito do rio”.

«A arquitectura das plataformas pode ser discutível. Todos temos opinião. Outra coisa é dizer que aquilo é um atentado. É mais grave. Vou analisar para ver se isso, juridicamente, tem sustentação», avisou.

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