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Morreu Carlos Antunes, vítima de covid-19. Líder da Brigadas Revolucionárias nasceu na Cabreira

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Carlos Antunes, lutador antifascista e líder das Brigadas Revolucionárias, morreu, aos 82 anos, em Lisboa, anunciou este domingo a família.

Depois de ter estado internado desde dia 29 de Dezembro por complicações ligadas a uma infecção com covid-19, Carlos Antunes faleceu este sábado na sequência de uma pneumonia.

Carlos Antunes nasceu em São Pedro, uma aldeia da Serra da Cabreira, no distrito de Braga em 1940. Com dez anos apenas, ruma sozinho para a capital de distrito para estudar. Aos 15 anos já militava no PCP. Aos 18, na clandestinidade, é responsável pela organização no Minho. Aos 19, passa a ser funcionário do secretariado do Comité Central.

Os caminhos da militância comunista levam-no para fora do país. Em 1963, dirige a Rádio Portugal Livre na Roménia. Três anos depois, passa a ter como base Paris, a partir de onde é responsável da organização do PCP no estrangeiro, fazendo parte dos Comités de Ajuda ao Povo Português e trabalhando com Álvaro Cunhal.

As divergências com o líder comunista acentuam-se a partir da ocupação da Checoslováquia. Separa-o da posição do PCP também a posição face à guerra colonial e a ideia de que o salazarismo seria deposto pela via armada.

Em 1969 começa a tentar organizar dissidentes do PCP e acaba por fundar, junto com Isabel do Carmo, as Brigadas Revolucionárias (BR) que enfrentaram o Estado Novo com acções de luta armada. É com essa finalidade que, em 1970, regressa ao país. Em 1973, uma cisão na Frente Patriótica de Libertação Nacional leva à criação do Partido Revolucionário do Proletariado, intimamente ligado às BR.

ACÇÃO ARMADA

As BR fazem a sua primeira acção armada em Portugal a 7 de Abril de 1971 fazendo explodir uma bomba nas instalações da NATO na Fonte da Telha. A sua última acção armada durante a ditadura foi a 9 de Abril de 1974 foi um ataque ao navio Niassa que levava tropas portuguesas para a Guiné. Pelo meio ainda houve espaço para o humor. Em Julho de 1972, por ocasião da farsa eleitoral que re-elege Américo Tomás como Presidente da República, as BR lançam no Rossio e em Alcântara dois porcos vestidos de almirante.

A experiência de clandestinidade acaba com o 25 de Abril.

PÓS 25 ABRIL

No pós-revolução, o PRP tem alguma influência na Lisnave, no SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, o programa de construção de habitações que juntava associações de moradores e arquitectos, e em alguns sectores militares. Dinamizou também Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros. E os seus militantes participaram nos SUV, Soldados Unidos Vencerão, que organizava unitariamente soldados revolucionários.

Nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 25 de Abril de 1975, o partido não se apresenta e defende a abstenção ou voto nulo alegando que “a arma é o voto do Povo”.  Posição que repete nas legislativas de 1976.

Em Agosto de 1975 tinha integrado a Frente de Unidade Revolucionária que juntou vários partidos em apoio ao V.º Governo Provisório de Vasco Gonçalves, terminando com a queda deste governo.

PRISÃO

Nas presidenciais de 1976 este partido apoia Otelo Saraiva de Carvalho. E depois disso, integra a Organização Unitária de Trabalhadores que dará lugar à Força de Unidade Popular que volta a apoiar Otelo nas presidenciais seguintes.

Em 1978, Carlos Antunes é acusado de acções armadas e de assaltos a bancos e preso preventivamente, situação que se mantêm até 1982. Cinco anos depois o julgamento chega ao fim com a absolvição.

Sobre a sua vida foi feito, em Abril de 2014, o filme ‘Outra Forma de Luta’, de João Pinto Nogueira. Nele se pegam nas 13 perguntas que o escritor Nuno Bragança lhe entregara poucos dias antes de morrer.

Em 1990, com Isabel do Carmo e Francisco Costa Gomes, escreveu o livro ‘Ecossocialismo – Uma alternativa verde para a Europa’.

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