A reunião de Câmara desta segunda-feira ficou marcada por uma intensa e azeda troca de palavras entre os vereadores Vítor Patrício Ribeiro e Pedro Costa, a propósito da aquisição de um terreno, em Amares.
No período de antes da ordem do dia, o vereador do Ambiente da autarquia, Vítor Ribeiro, disse ter sido alvo de «calúnias» e de «devassa da vida privada» pelo representante do PS no executivo, Pedro Costa.
Ora, ainda no ano passado, o terreno foi adquirido pelo vereador Vítor Ribeiro, que esta segunda-feira levantou o tom para assegurar que «não foi cometida qualquer ilegalidade» e que, «como qualquer cidadão», tinha «todo o direito» de fazer aquela compra.
«O terreno esteve em hasta pública, qualquer pessoa o poderia ter comprado. Entendi comprá-lo para construir uma habitação para mim e para a minha família. Não posso aceitar que haja uma devassa da vida privada e que sejamos atingidos com base na calúnia», criticou.
Reportando-se à intervenção de Pedro Costa, quer na reunião de Câmara, quer em publicações nas redes sociais, Vítor Ribeiro disse que a autarquia tem um projecto, no âmbito do programa ORU (Operações de Reabilitação Urbana), para construir o Parque Urbano Verde noutro local que não aquele.
«Nunca ouviu da minha parte ou do executivo que alguma vez tenhamos tido qualquer projecto para estes terrenos em questão. Esta é uma cabala montada contra mim, porque estes terrenos estão livres», frisou.
Numa intervenção claramente inflamada, o vereador do Ambiente disse que o terreno servirá para construir uma habitação unifamiliar e acusou Pedro Costa de fazer um «ataque pessoal».
«Por que razão não falou no ano passado se tinha um projecto para aquele local? Por que nunca disse para a Câmara adquirir o terreno em hasta pública?», questionou.
«IMORALIDADE», DIZ PEDRO COSTA
Na resposta, Pedro Costa negou as acusações, garantindo que «não caluniou» o vereador do Ambiente, mas sublinhou que aquela compra foi «uma imoralidade».
«É mentira que tenha havido um ataque pessoal, porque em momento algum falei do seu nome. O que disse é que havia um projecto do passado, de executivos anteriores, para construir ali o Parque Urbano Verde. E é facto que no passado foram recusadas construções naquele local em virtude disso», afirmou.
Defendendo que «aquela é uma zona nobre que deveria ser preservada», disse desconhecer a existência do projecto de construção submetido por Vítor Patrício, considerando que o vereador do Ambiente «não foi sério» no processo.
«O senhor é cidadão, mas tem obrigação de defender o interesse público. Não era a mim que cabia informar a Câmara de que aquele terreno estava em hasta pública. O senhor tem legitimidade para o adquirir, mas é imoral», acusou.
Para Pedro Costa, tratou-se de uma «chico-espertice» praticada por alguém que «tinha obrigação moral de defender o interesse público e não o fez».
«O que questiono é o seu posicionamento enquanto vereador. Deu um tiro gigante nos pés ao não proteger o interesse público, porque adquiriu um terreno cuja aquisição deveria ter proposto à Câmara», rematou.