Os vereadores do PSD na Câmara de Caminha exigiram esta sexta-feira a “rescisão imediata” do contrato com a Águas do Alto Minho (AdAM) e a devolução das redes de abastecimento de água em baixa e de saneamento à gestão municipal.
Em comunicado enviado às redacções, os três vereadores naquela autarquia sublinham ter feito esse apelo à maioria socialista no executivo municipal na última reunião camarária.
“Na reunião realizada na segunda-feira os vereadores apelaram ao senhor presidente da Câmara para que fosse feita a rescisão imediata, e com justa causa, do contrato assinado entre a empresa AdAM e a Câmara de Caminha, por via dos constantes erros e atropelos aos consumidores, e que a gestão da água e saneamento voltasse para gestão municipal”, dizem Liliana Silva, Paulo Pereira e Manuel Marques.
A AdAM, que gere as redes de abastecimento de água em baixa e de saneamento, começou a operar em Janeiro de 2020, “dimensionada para fornecer mais de nove milhões de metros cúbicos de água potável, por ano, e para recolher e tratar mais de seis milhões de metros cúbicos de água residual, por ano, a cerca de 70 mil clientes”.
A empresa é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP) e em 49% pelos municípios de Arcos de Valdevez (PSD), Caminha (PS), Paredes de Coura (PS), Ponte de Lima (CDS-PP), Valença (PSD), Viana do Castelo (PS) e Vila Nova de Cerveira (Movimento independente PenCe – Pensar Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
Três concelhos do distrito – Ponte da Barca (PSD), Monção (PSD) e Melgaço (PS) – reprovaram a constituição daquela parceria.
“Desde o primeiro momento que os vereadores votaram contra a criação desta empresa porque entendiam que iria penalizar gravemente os consumidores do concelho de Caminha através do pagamento de facturas avultadas de água”, sustentam.
Segundo os vereadores do PSD, “o aumento do valor da factura da água deve-se aos gastos do funcionamento e funcionalismo da empresa, ao IVA e taxas cobradas, ao aumento para o dobro e quadruplo, no caso dos consumidores não domésticos, do valor da água por metro cúbico”.
Para os vereadores do PSD, “os erros crassos plasmados nas facturas e acumulados ao longo de mais de um ano de actividade têm levado os consumidores ao desespero, a longas filas de espera à porta dos serviços da AdAM o que é inconcebível, para mais em período de pandemia de Covid-19”.
Apontam ainda “as constantes reclamações pela falta de profissionalismo no atendimento telefónico, a falta de leitura de contadores e o uso abusivo de estimativas”.
“Lutaremos, contra tudo e contra todos, até às últimas circunstâncias para que o fim desta empresa seja uma realidade e que a água volte para a gestão municipal de onde nunca deveria ter saído”, refere a nota.
Na quinta-feira, em conferência de imprensa, os sete municípios que integram a AdAM criticaram o desempenho da empresa, dando-lhe “o prazo de uma factura” para que “vire a página”, face à “enorme desilusão” da sua actuação desde que foi criada.
“A nossa expectativa é que as coisas comecem a melhorar no prazo da próxima facturação. Se não melhorarem, vocês conhecem cada um dos presidentes de Câmara que estão aqui, não vamos ficar parados, nunca, em nenhuma circunstância. Temos feito um debate privado, nos locais próprios, nos órgãos de gestão, mas se as coisas não mudarem então temos de ser nós a mudar”, afirmou, na altura, o presidente da Câmara de Caminha.
A constituição da empresa tem sido contestada por vários partidos e pela população de alguns concelhos, que se queixam do aumento “exponencial” das tarifas e do “mau” funcionamento dos serviços, e que reclamam a reversão da sua criação e a devolução da gestão das redes de abastecimento de água em baixa e de saneamento a cada um dos municípios.