O escritor moçambicano Mia Couto, com o romance ‘O Mapeador de Ausências’, foi o vencedor da edição de 2021 do Prémio Literário Manuel de Boaventura, promovido pelo município de Esposende.
A decisão, tomada esta quinta-feira por maioria do júri, que reuniu por videoconferência, é justificada “por se tratar de uma narrativa de elevada maturidade literária que, com particular sensibilidade, consegue cruzar tempos distintos da realidade moçambicana, oferecendo ao leitor uma expressiva representação do país no período colonial e pós-colonial”.
A obra ‘O Mapeador de Ausências’ retrata a história do regresso de Diogo Santiago, prestigiado e respeitado intelectual moçambicano, professor universitário e poeta, à sua terra natal, a cidade da Beira, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019, para receber uma homenagem que os seus concidadãos lhe querem prestar.
Nesta edição, em conformidade com o regulamento em vigor, apresentaram-se a concurso 104 obras provenientes de vários países de língua portuguesa, 13 das quais do Brasil.
O júri, composto pelos professores Sérgio Guimarães de Sousa, da Universidade do Minho, na qualidade de presidente, e Pedro Eiras, da Universidade do Porto, na qualidade de vogal, e, ainda, a bibliotecária Maria Luísa Leite da Silva, da Câmara de Esposende, na qualidade de vogal, manifestou satisfação por tão elevado número de obras a concurso.
Não sendo o prémio atribuído por unanimidade, o júri entende revelar a posição do professor Pedro Eiras, que votou na obra ‘As Telefones’, de Djaimilia Pereira de Almeida, pela criativa exploração da sensibilidade de duas mulheres, mãe e filha, afastadas pela distância e unidas pela mais densa intimidade.
O Prémio Literário Manuel de Boaventura foi instituído pela Câmara Municipal de Esposende, com o intuito de homenagear e divulgar este escritor e homem de cultura, natural de Vila Chã, Esposende. De periodicidade bienal e com o valor pecuniário de 7.500 euros, contempla a modalidade da criação narrativa de romances ou de contos da autoria de escritores de língua portuguesa.
Na primeira edição, em 2017, o Prémio foi ganho pela escritora Ana Margarida de Carvalho com a obra ‘Não se pode morar nos olhos de um gato’ e, em 2019, por Filipa Martins, com o livro ‘Na Memória dos Rouxinóis’.
Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Foi jornalista e professor, e é, actualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas e conta com vários prémios e distinções.
A entrega do Prémio ocorre em Esposende, em data a determinar.