O Tribunal de Braga vai começar a julgar, em Outubro, um homem de 56 anos, de nacionalidade alemã, por ter abusado sexualmente de uma mulher, no Gerês, tendo-a abandonado algemada a uma árvore.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), no dia 15 de Fevereiro de 2019, o homem abusou sexualmente de uma mulher, também alemã, então com 29 anos, numa pensão do Gerês.
Depois disso, deixou-a ao frio, sem poder comer, nem beber e sujeita a ser devorada pelos lobos, em pleno Parque Nacional, agindo com intenção de matar a vítima, que sofria de perturbações de personalidade.
Abandonou-a de tarde, foi à pensão buscar as coisas e fugiu para a Alemanha. A vítima, que esteve algemada seis a sete horas, conseguiu desenvencilhar-se da venda, gritou por socorro, sem ninguém a ouvir e acabou por conseguir rebentar com as algemas, libertando-se ao cair da noite.
Aí correu pela floresta clamando por ajuda e chegou a uma estrada onde foi encontrada pelo mestre florestal Luís Vieira que a ajudou e chamou a GNR e uma ambulância que a levou ao Hospital de Braga.
“LIBERTAR-LHE A CABEÇA”
No dia do crime, o arguido disse-lhe que iriam dar um passeio pela floresta para ajudar a “libertar-lhe a cabeça e a livrar-se de pensamentos negativos”. Foram de carro até Vilar da Veiga e entraram a pé numa mata por um trilho.
Pelo caminho ele ia dizendo que aquilo a libertaria de “todos os males”. Pararam e ele tapou-lhe os olhos e o nariz com um pano e algemou-a, mas com os braços envolvendo o tronco de uma árvore. “É para tua purificação espiritual!”, disse, garantindo que a ficava a ver e que a terapia duraria duas a três horas.
De imediato, saiu do local, deixando-a sozinha, facto de que ela só se apercebeu minutos depois. Em pânico, tentou chamá-lo e não conseguiu. Lutou para se desenvencilhar do pano, o que logrou alcançar e roçou os braços na árvore, conseguindo que as algemas partissem, embora ficasse com os pulsos lacerados.
O MP salienta que o local é frio e húmido e nele pouca gente circula sendo frequentado por lobos.
Os dois haviam chegado ao Gerês na madrugada do dia 10. A partir daí, o arguido aproveitou-se do facto de a vítima ter problemas de saúde mental, para abusar sexualmente dela.
“TERAPEUTA”
Gerhard Branz tinha-a conhecido em Osnabruck, através do então namorado dela, e conseguiu introduzir-se na casa deles, dizendo ser terapeuta (o que era falso dado ser electricista) e prontificando-se a ajudar a resolver os problemas do casal.
Convenceu-os a ter relações sexuais na sua presença, com o argumento de que isso fazia parte da terapia. E dava medicamentos. A seguir propôs-lhes uma viagem a Sevilha, Espanha, para melhorar a saúde dela, e eles anuíram.
A partida ficou marcada para 7 de Fevereiro. Só que, na véspera, o namorado zangou-se e cortou com ela, facto de que o arguido se aproveitou convencendo-a a fazerem juntos a deslocação.
Partiram dia 6, de carro, que o Gerhard guiou até ao Gerês, dizendo que era melhor para o tratamento. Hospedaram-se numa residencial e disseram que sairiam a 17.
O arguido está preso preventivamente em Braga. Foi detido em Janeiro na Alemanha e extraditado. Está indiciado pelos crimes de homicídio, na forma tentada, sequestro, abuso sexual de pessoa incapaz de resistência e burla informática.