A Câmara Municipal de Esposende apresentou esta quinta-feira à noite o estudo de caracterização de riscos e programa de intervenção para a protecção da restinga de Ofir e barra do Cávado.
A apresentação pretende colher contributos que permitam avançar para a elaboração do projecto, articulado com os planos em vigor e para ser submetido a financiamento de fundos comunitários, ao abrigo dos programas para a prevenção e gestão de riscos.
O esboço – realizado pelo Instituto de Hidráulica e Recursos Hídricos, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com a colaboração da Universidade do Minho – e desenvolvido por uma equipa alargada resulta de “uma aprofundada investigação que envolveu trabalho de campo e experiências em laboratório, com recurso ao modelo numérico avançado que avaliou o modelo existente e as vantagens do projeto proposto”, explicou Taveira Pinto, da FEUP.
Assim, para alcançar os objectivos de reconstrução da restinga e reduzir o esforço de drenagem que afecta o canal de navegação do rio Cávado, foi sugerida a construção de um dique longitudinal, na margem esquerda do rio, paralelo à restinga que permite a fixação dos sedimentos na restinga.
Do lado do mar, a proposta avança com a construção de dois quebra-mar que facilitarão a acumulação de areia e a renaturalização da restinga. Quer o dique, quer os quebra-mar propostos são estruturas de baixa cota.
“Se o leito do rio não for consolidado por diques nas duas margens, dificilmente resistirá à erosão. São estruturas de baixa densidade que, na preia-mar estarão submersos e permitem que os sedimentos em trânsito se fixem na própria restinga”, adiantou Taveira Pinto que apresentou diversos exemplos de soluções avançadas em vários pontos do Mundo.
AUTORIDADES TARDAM COM DECISÃO
Para o presidente da Câmara, este é um problema que “as autoridades não podem continuar a ignorar, sob pena de serem responsabilizados pelas tragédias que possam ocorrer”.
“O problema da barra sempre afectou as gentes de Esposende, mas tarda em encontrar-se uma solução. Temos, em suma, três problemas latentes, a questão da segurança, para pescadores e para a própria cidade que está exposta ao mar; o entrave ao desenvolvimento económico, com as docas de pesca e de recreio inviabilizadas; e um problema ambiental, porque não se permite realizar certas obras, por causa da defesa dos habitats e estamos a assistir à destruição dos habitats de toda a zona envolvente à restinga e nada se faz”, afirmou.
O autarca entende que a solução “não pode continuar adiada”, lembrando os diversos contactos estabelecidos com as mais diversas entidades, nomeadamente com o Ministério do Ambiente. “Mas Esposende é um concelho pequeno e faz com que não tenhamos poder reivindicativo”, resumiu Benjamim Pereira.
Presente na sessão, Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, manifestou disponibilidade em analisar o projecto e equacionar a sua inclusão no próximo Quadro Comunitário de Apoio que está em elaboração.