O presidente da Câmara de Viana do Castelo disse esta terça-feira que o projecto do novo mercado municipal, a construir após a desconstrução do prédio Coutinho, vai ser “reajustado” à actual conjuntura económica.
“Há hoje um novo contexto que não existia [em 2018, ano do último reajustamento do projeto]. Muita coisa mudou e muita coisa aconteceu, nomeadamente a subida substancial dos custos associados à construção civil, quer seja na aquisição de materiais, quer seja na mão de obra”, afirmou Luís Nobre.
Questionado pela agência Lusa no final da reunião camarária, na qual o tema foi levantado pelo vereador do PSD Eduardo Teixeira, o autarca socialista apontou aquelas condições para justificar a decisão que tomou de “revisitar o projeto e, também, os arranjos exteriores”.
Em Janeiro de 2021, o anterior presidente da autarquia e actual secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, estimou em nove milhões de euros a construção do novo mercado. Em Fevereiro de 2018, a Câmara, também presidida por José Maria Costa, entregou, por ajuste directo, por 73.700 mil euros, a elaboração do projecto de arquitectura para a construção do novo mercado da cidade no local ocupado pelo prédio Coutinho, cuja desconstrução, iniciada em Dezembro de 2021, está em fase de conclusão.
Esta terça-feira, Luís Nobre classificou o reajustamento de “natural”, por considerar que a construção do novo mercado “não pode ser uma operação de um investimento infinito”, mas antes “sustentável”.
O autarca socialista sublinhou que “o objecto que justificou a desconstrução do prédio Coutinho foi a construção do novo mercado” e que “ninguém compreenderia” se isso não viesse a acontecer.
“É óbvio. Isto não merece discussão hoje, nem daqui a 10 anos. Tem de existir, naquele sítio, faz falta para dinamizar o centro histórico, não só de forma imediata para os agentes do sector primário, os nossos produtores locais, como para as restantes atividades na envolvente”, disse.
Segundo o autarca, o reajustamento do projeto pretende ir ao encontro de “um modelo que venha a dar resposta ao actual funcionamento dos mercados, às expectativas que as pessoas têm sobre equipamentos desta natureza”.
“O que interessa é aprofundar e até, porque não, personalizar o que pode ser uma eventual gestão do mercado. Tem de ser um espaço apelativo não só para os lojistas, mas para os consumidores. A capacidade que tivermos de explorar o mercado é que o vai tornar mais ou menos atractivo. Com condições físicas de excelência e uma gestão dedicada, [o mercado] vai provocar o interesse nos potenciais clientes e quem concorrer à concessão dos espaços ver-se-á recompensado do investimento que fez”, referiu.
QUEIXA ARQUIVADA
O presidente da Câmara de Viana do Castelo informou hoje que o Ministério Público arquivou, pela terceira vez, uma queixa contra a autarquia, por alegados crimes de corrupção activa e passiva, num ajuste directo aprovado em 2013.
O autarca Luís Nobre (PS), que falava no período antes da ordem do dia da reunião ordinária do executivo municipal, explicou ter recebido o despacho de arquivamento da denúncia apresentada, em 2014, pelos vereadores do PSD do executivo de então – Eduardo Teixeira, Marques Franco e Helena Marques -, na qual relatavam factos susceptíveis de integrar crimes de corrupção activa e passiva.