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“Aqui dentro até se ouvem os passarinhos”. Pequenos centros comerciais de Braga desesperam por reabrir

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Os comerciantes dos pequenos centros comerciais de primeira geração, que inauguraram a época dos grandes espaços de comércio em Braga, esperam que Ricardo Rio, o presidente da autarquia, consiga “mover as suas influências” e convença o Governo a permitir a sua reabertura ainda antes dos outros, os “grandes”, os “novos”.

Em 1995, há precisamente 25 anos, a cidade assistia a uma verdadeira revolução com a abertura dos primeiros centros comerciais em espaço fechado, inaugurando uma nova época na relação cliente/comércio retalhista.

O primeiro foi o Centro Comercial Avenida, ainda sem a companhia do BragaShopping (o que aconteceria um ano depois), seguiu-se-lhe o Lafayette, que ‘roubou’ o nome às célebres galerias parisienses, e, não necessariamente por esta ordem, o Gold Center, o Rechicho e o Galécia. Outros desapareceram, como os centros comerciais Santa Cruz e Este, não resistindo ao surgimento, e consequente aumento concorrencial, dos grandes espaços comerciais: o MinhoCenter, em 1997, e o BragaParque, dois anos depois.

Um quarto século depois, os lojistas destes ‘velhos’ centros, temem outra vez o desaparecimento, remetidos para a memória de máquina fotográfica, depois de luta que foi sobreviver ao ‘ataque’ dos grandes centros comercias modernos. Agora não devido às lógicas de mercado, mas determinado pelas medidas restritivas de resposta a um inimigo inesperado, o novo coronavírus. 

Esta sexta-feira, o PressMinho/OVilaverdense/OAmarense foi visitá-los.

“Estamos lixados”, diz convicto da sua sorte um funcionário de uma lanchonete, hoje transformada em take-away. “Se os centros comerciais não reabrem por estes dias, o meu patrão não aguenta”.

E pergunta: “quantas pessoas viu desde que entrou aqui [Centro Comercial Avenida]? Três, quatro?”. Cinco.

Um talho aberto aqui, uma padaria/pastelaria ali, uma tabacaria/papelaria, uma loja de informática e um barbeiro (“não se desfazem barbas”) acolá, todos junto às entradas dos centros. E nada mais, a não ser o silencio e os corredores sem vivalma.

Numa pastelaria (com acesso para a rua), o gerente brinca: “como não há futebol, conto as pessoas que entram”. Quantas na última hora? “Três adultos e uma criança”.

“Com todas as outras lojas fechadas, quem é que cá vem? As moscas? É que as lojas que já abriram estão literalmente às moscas”, vinca.

 “Assim, até o comércio de rua é prejudicado com os centros fechados. Estes mais pequeninos podiam abrir já e não ficar à espera que abram os grandes”, argumenta a dona de uma tabacaria, a única a saber que Ricardo Rio defende um regime excepcional para centros comerciais de 1.ª geração.

Considerando “boa” a ideia, a lojista teme que este regime excepcional a equiparar estes espaços às lojas com mais de 400 m2 cuja a abertura no dia 18 deste mês pode ser autorizada pelos municípios, “chegue tarde”.

Espreitando pelo guichet improvisado, assegura que já está a “penar” com a situação. “Muito pior estão aqueles ali”, afirma, apontando para o fundo do corredor.

“Se fossemos grandes como alguns dos donos de restaurante sem-vergonha e pobrezinhos com aspas que foram protestar para a frente da Câmara, o nosso caso ficava resolvido em dois dias… Mas temos lá dinheiro para ir prá frente da Assembleia da República fazer barulho!..”, atira uma lojista que acompanhada pela filha vai diariamente “desde o ‘horário zero’ limpar a loja” no Galécia.

Não acredita que Ricardo Rio faça “Graça Freitas mudar de opinião”.

“Ele não é da mesma cor do Governo e vai levar com uma nega!”, remata.

Depois de pedir para não ser fotografada, ‘Maria’ cede ao “nervosismo” e desabafa comovida: “aqui dentro até se ouvem os passarinhos”.

Lá fora, a cidade continua triste, cinzenta e sem gente.

Ironicamente, os cinemas Avenida anunciam o filme ‘O Caminho de Volta – Última Oportunidade para Vencer’, com Ben Affleck. 

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