Já arrancaram as obras de restauro, renovação e arranjos exteriores da Casa de Camilo Castelo Branco, em Seide, Famalicão, para conceder a traça original à casa do autor de ‘Amor de Perdição’, com um investimento que ronda os 320 mil euros e um prazo de execução de um ano, avançou o presidente do município.
“Trata-se de uma obra de enorme relevância e que espelha bem a aposta cultural do município na preservação e valorização do património camiliano”, afirma Paulo Cunha, salientando que se trata de “um trabalho incessante e apaixonante que tem atravessado gerações”, motivado pelo valor da obra de Camilo Castelo Branco e “pelo interesse que sempre suscitou a sua atribulada existência”.
O autarca adianta que “é uma obra de arquitectura que vai valorizar ainda mais este lugar da vida e da ficção camilianas”, sublinhando que “o restauro da casa dos caseiros e a renovação da quinta permitirá, não só oferecer aos visitantes um cenário tão semelhante quanto o que Camilo experienciou, mas permitir que com essas novas infra-estruturas possamos diversificar ainda mais a oferta pedagógica, cultural e científica da instituição para o melhor conhecimento da vida e da produção literária do escritor, além do período histórico em que viveu”.
A intervenção acontece a pouco tempo de se assinalarem 106 anos sobre o grande incêndio que destruiu quase por completo a moradia onde Camilo viveu entre o Inverno de 1863 e a data da sua morte, a 1 de Junho de 1890, em Seide.
O escritor, natural de Lisboa, residiu na casa de Seide cerca de 26 anos. Aqui chegou por amor, aqui escreveu, viveu com a família e aqui pôs termo à vida.
Considerada a mais emblemática memória viva do maior escritor do romantismo português, a Casa de São Miguel de Seide ganhou um significado histórico de fundamental importância para o conhecimento profundo de todas as temáticas camilianas.
ROTA CAMILO
A obra insere-se na candidatura ‘Rota Camilo: Valorização da Casa-Museu e Cemitério da Lapa’, recentemente aprovada no âmbito do programa operacional Norte 2020, é co-financiada através Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Para além deste projecto, a candidatura apresentada em conjunto com a Venerável Irmandade da Lapa, no Porto, prevê ainda a qualificação do Cemitério da Lapa, um monumento de interesse público, onde se encontra o jazigo que guarda os restos mortais de Camilo Castelo Branco.
No conjunto, a autarquia famalicense beneficia de um investimento de mais de 700 mil euros, contando com uma comparticipação FEDER de cerca de 500 mil euros.
Os projectos envolvem, para além do município, um conjunto de instituições parceiras, com ligações importantes à memória camiliana.