O chumbo de um contrato de comodato entre os Bombeiros e a Câmara Municipal, para a criação de um auditório, rebentou nova polémica em Terras de Bouro e faz com que Manuel Tibo, que é presidente das duas instituições, pondere a demissão da Direcção dos Bombeiros.
Em causa está uma proposta de celebração de um contrato de comodato, por 15 anos, entre a Associação Humanitária dos Bombeiros de Terras de Bouro e a autarquia. O protocolo prevê que a Câmara Municipal possa requalificar e depois utilizar um espaço situado no quartel dos Bombeiros, transformando-o em auditório.
Em reunião de Câmara, os dois vereadores da oposição, Paulo Sousa (Terras de Bouro – O Nosso Partido) e Luís Teixeira (PS), votaram contra, chumbando assim a proposta, uma vez que apenas a vereadora Ana Genoveva Araújo votou favoravelmente. Manuel Tibo e Adelino Cunha não participaram na votação por serem presidente e vice-presidente das duas instituições.
«Estamos neste momento a perceber de que forma a situação poderá ser ultrapassada, sendo que eu estou a ponderar seriamente apresentar a demissão da presidência dos Bombeiros para que a situação seja desbloqueada», disse ao jornal “O Amarense” Manuel Tibo.
Segundo o autarca, «nada fazia prever» que a oposição pudesse chumbar a proposta, «depois de o projecto e o empréstimo ao BEI [Banco Europeu de Investimento], para financiar a obra, terem sido aprovado por unanimidade, quer no executivo, quer na Assembleia Municipal».
«Os senhores vereadores aproveitaram-se do facto de terem maioria, pela primeira vez, para chumbar a proposta. Se eu não fosse presidente dos Bombeiros, esta situação não se colocava, daí que esteja a ponderar a demissão. Faço-o para defender os interesses do meu concelho», sublinhou.
Para Manuel Tibo, «Terras de Bouro precisa daquele auditório», que «estará ao serviço de todos» e será «uma clara mais-valia» para o território.
«O acordo feito neste caso é igual ao que permitiu a requalificação da Colunata da Vila do Gerês, onde a Câmara celebrou um acordo com a Empresa das Águas para poder fazer a obra, mas o espaço não deixou de ser propriedade da empresa», afirmou.
OPOSIÇÃO CONTRA
Contactado pelo jornal “O Amarense”, o vereador do PS, Luís Teixeira, disse que «em momento algum foi contra a construção do auditório», mas entende que «as lógicas estão invertidas» e que «o património municipal deve ser prioridade».
«Em momento algum excluo a possibilidade de criar um auditório, o que eu entendo é que estamos a inverter a finalidade das coisas. Não faz sentido que a Câmara faça o projecto, gaste o dinheiro e o património do Município fique sem nada, porque aquele património é dos Bombeiros», refere.
Sublinhando ter «muito respeito e consideração» pelos Bombeiros, que considera uma «instituição imprescindível», Teixeira refere que a autarquia deveria pagar o auditório e depois integrá-lo no património municipal.
«Veja-se, por exemplo, o caso das piscinas de Paradela, em Valdosende, que são do Município e estão cedidas a uma associação. Isso é o que faz sentido, não se pode inverter o fim e o objectivo das instituições. Não se trata de fazer finca-pé», assegura.
“O Amarense” tentou, sem sucesso, obter uma reacção do vereador Paulo Sousa.