O Conselho Cultural da Universidade do Minho acaba de atribuir, ex-aequo, o Prémio Victor de Sá de História Contemporânea 2023 aos investigadores Bernardo Cruz e João Moreira, da Universidade Nova de Lisboa, sendo a menção honrosa para José Miguel Ferreira, da mesma academia.
A cerimónia de entrega do galardão, o mais prestigiado para jovens investigadores da área em Portugal, realiza-se a 14 de dezembro, às 15h00, na Reitoria da UMinho, em Braga.
Esta 32ª edição voltou a ter muitos participantes, na maioria com teses doutorais, o que revela o prestígio da iniciativa e a vitalidade da historiografia portuguesa contemporânea.
O júri do Prémio foi presidido pela professora Fátima Moura Ferreira (UMinho), tendo como vogais os professores Irene Vaquinhas (Universidade de Coimbra) e Sérgio Campos Matos (Universidade de Lisboa).
Bernardo Cruz foi distinguido pela obra “As origens institucionais da moderação da violência: regedorias e políticas de concentração em Angola (1914-1974)”.
O trabalho permite compreender melhor a política colonial portuguesa no século XX, sobretudo em Angola. Por exemplo, houve uma intensa política de transferência de populações africanas, identificada como “aldeamentos” ou, na luta anticolonial, como “campos de concentração”.
João Moreira foi também laureado pela sua tese doutoral, “Intelectuais portugueses e a ideia de esquerda num tempo de transição (1968-1986) – Os casos de António José Saraiva, Eduardo Prado Coelho e João Martins Pereira”. A sua pesquisa enquadrou os três intelectuais nas transformações daquele período e comparou a reflexão que fizeram em aspetos como marxismo, socialismo e esquerda, com base em debates internacionais, publicações e documentos inéditos daqueles autores.
A menção honrosa coube a José Miguel Ferreira e à sua tese “As novas conquistas: agricultura, florestas e colonialismo em Goa (c. 1763-1912)”. O estudo analisou a diversidade de projetos de governo e colonização do espaço designado por “novas conquistas” em Goa, ao longo de 150 anos.
Este Prémio foi instituído há 32 anos, com base numa doação do professor e historiador Victor de Sá (1921-2004), sendo reconhecido como de manifesto interesse cultural pela Secretaria de Estado da Cultura e apoiado também por mecenas públicos e privados. Em edições anteriores foram laureados com o prémio vários investigadores que se tornaram uma referência, como Fernanda Rollo, José Neves, Miguel Cardina e Cláudia Ninhos.