A Câmara de Terras de Bouro promoveu este domingo uma cerimónia comemorativa do 47º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974.
A sessão teve início com o hastear das bandeiras junto ao edifício do Município, seguindo-se um momento musical a cargo da Escola de Música de Terras de Bouro, com Francisca Antunes (voz) e Luís Pinho (guitarra). Após o primeiro momento musical – que à semelhança dos seguintes arrancou vários aplausos – foi reproduzido um vídeo sobre a Geira Romana.
Houve depois lugar aos discursos do presidente da Câmara, da Assembleia Municipal e dos grupos parlamentares (PSD, Terras de Bouro – O Nosso Partido, PS e CDU).
«NÓS É QUE CONSTRUÍMOS A NOSSA HISTÓRIA, O NOSSO CAMINHO, O CONCELHO»
No uso da palavra, o Presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Manuel Tibo, começou por deixar uma palavra àqueles que permitiram a “revolução dos cravos”, destacando a sua importância na fundação de um Portugal democrático. Lembrou, ainda, os actuais «tempos difíceis» marcados pela pandemia, numa celebração do 25 de Abril forçosamente «diferente» daquela que é habitual.
«Hoje, tal como há 47 anos, temos de seguir unidos, coesos e solidários nesta luta contra um inimigo que é invisível, silencioso e por vezes letal. A batalha contra esta pandemia é mais uma mostra da nossa coragem e perseverança», afirmou o autarca.
Manuel Tibo sublinhou ainda que «não vivemos num país nem num concelho perfeitos, contudo, todos os dias lutamos pelo seu desenvolvimento. A história não pertence a ninguém. Nós é que construímos a nossa história, o nosso caminho, o concelho».
«A DEMOCRACIA NUNCA ESTÁ ASSEGURADA»
Segundo Augusto Braga, presidente da Assembleia Municipal de Terras de Bouro, «infelizmente, assistimos todos os dias à falência de valores que julgavamos assegurados. A democracia nunca está assegurada e são muitos os oportunistas que depois de Abril dela se serviram e servem para chegar ao poder».
O Presidente da Assembleia Municipal referiu ainda mais à frente que «pensar é um dever por vezes ignorado por muitos» e que já «são muitas décadas de empobrecimento», apelando a uma maior participação e interesse da sociedade.
«NÃO TÊM SIDO TEMPOS FÁCEIS PARA NINGUÉM»
Na mesma linha de pensamento do presidente de Câmara, a deputada do PSD, Isménia Loureiro, iniciou o seu discurso abordando a temática da pandemia. «Não podemos ainda festejar com pompa e circunstancia esta data, mas devemos sim assinalá-la como hoje o fazemos, pois o 25 de Abril assim o merece», declarou.
A social democrata acrescentou também que aos mais jovens – que não viveram a ditadura – é-lhes contada a história de um «país a preto e branco, mas o 25 de Abril de 74 trouxe-nos uma realidade mais promissora».
«A democracia tem de ser lembrada todos os dias», concluiu.
«A PRESERVAÇÃO DO REGIME DEMOCRÁTICO É A BASE FUNDAMENTAL PARA DAR RESPOSTA AOS DESAFIOS QUE SE AVIZINHAM»
Do lado do movimento “Terras de Bouro – O Nosso Partido” discursou Eduarda Pereira, que começou por classificar o 25 de Abril como «um dos episódios mais marcantes da historia contemporânea portuguesa», pois foi uma «revolução que abriu as portas para a conquista de direitos muito importantes».
«A preservação do regime democrático é a base fundamental que necessitamos para dar resposta aos desafios que se avizinham», frisou Eduarda Pereira.
Antes de terminar, a deputada municipal revelou também que «a liberdade não é um dado adquirido e hoje somos nós os actores que não se podem resignar, que têm de escolher lutar e ter um papel activo na sociedade».
«HOJE MAIS DO QUE NUNCA DEVEMOS AGRADECER AS OPORTUNIDADES E CONQUISTAS QUE ABRIL NOS TROUXE»
Filipe Mota Pires, da bancada socialista, lembrou igualmente a actualidade marcada pela pandemia, destacando e homenageando o trabalho e esforço levado a cabo por «todos aqueles que estiveram e continuam a estar na linha da frente de combate à pandemia». De seguida, estendeu o agradecimento à restante população dos mais variados sectores de actividade.
O socialista apontou também que «hoje, mais do que nunca, devemos agradecer as oportunidades e conquistas que Abril nos trouxe», acrescentando que «temos hoje em dia, inegavelmente, um país muito melhor, mais preparado, mais justo e aberto ao mundo».
«O 25 DE ABRIL FOI FEITO COM MUITA DIFICULDADE»
Já Alexandre Pereira, da CDU, iniciou a sua intervenção denotando que este é já o seu terceiro mandato na Assembleia Municipal e que será possivelmente o «último discurso» sobre o 25 de Abril que terá no referido órgão.
Sublinhando que o 25 de Abril foi feito «com muita dificuldade», Alexandre Pereira prosseguiu o seu discurso através de uma contextualização histórica e acontecimentos que se sucederam à “revolução dos cravos”.
Deixou, ainda, algumas críticas ao actual presidente de Câmara, Manuel Tibo, atirando mesmo que «o 25 de Abril só chegou a Terras de Bouro 43 anos depois».