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POLÍTICA

POLÍTICA -
Catarina Martins (BE) acusa em Braga Paulo Rangel de garantir transporte de armas ‘a preço de saldo’ para Israel

Na sessão ‘Palestina Vencerá’ que abriu o Fórum Socialismo do Bloco de Esquerda (BE), que termina este sábado, em Braga, Catarina Martins exigiu a retirada da bandeira portuguesa ao navio que transporta explosivos para o arsenal israelita.  Já a eurodeputada do Podemos, Irene Montero, exigiu o corte de relações comerciais entre a UE e Israel.

Esta sexta-feira, a sessão de abertura do Forum, que marca anualmente a rentrée política bloquista, serviu para a eurodeputada sublinhar o que se passa na Palestina é “o mais marcante acontecimento humanitário e político dos nossos dias” e que “chegou a um ponto que gostaríamos todos de pensar impossível”, com os ataques israelitas a alastrarem-se agora também a Cisjordânia.

“Este horror tem um nome e, nesta sala, não temos medo de o dizer: genocídio, é isso que Israel está a fazer contra o povo da Palestina”, prosseguiu Catarina Martins, contrapondo a resistência que se faz ouvir “mesmo em Israel onde se sucedem as manifestações pela paz e as famílias dos reféns pedem um cessar-fogo”.

O “cinismo internacional” em torno dos massacres também foi focado na intervenção da eurodeputada do Bloco, insistindo que “Israel está a levar a cabo um genocídio, investigado pelo Tribunal de Justiça Internacional” e “o próprio exército israelita difunde a nível global imagens de massacre e de celebração do massacre”, ante a passividade dos governos europeus. “Não há uma sanção, um embargo efectivo. Isto é novo e profundamente errado e perigoso”, avisou.

Sobre esta matéria, a eurodeputada acusou o Governo português de, ao manter “a posição hipócrita de afirmar a necessidade da solução dos dois Estados, mas reconhece apenas um”.

Apontou ainda como exemplo recente o caso do navio com bandeira portuguesa que transporta explosivos para Israel. Mas “quando questionado, o ministro Paulo Rangel respondeu que o barco não é português. Só tem bandeira portuguesa”, graças ao registo no offshore da Madeira que lhe garante menos impostos.

“Portugal está a garantir preço de saldo no transporte de armas para Israel e Paulo Rangel acha muito bem. Quero dizer-lhe: não em nosso nome. O que se exige para travar o genocídio não são boas intenções, é acção. E essa acção começa por retirar imediatamente a bandeira portuguesa ao navio que transporta explosivos para Israel”, defendeu Catarina, recordando que o Bloco lançou esta semana uma petição pública com essa exigência.

FEMINISMO E PAZ

A eurodeputada bloquista considerou ainda “insustentável” o acordo de associação que a União Europeia mantém com Israel e elogiou a “coragem” das vozes portuguesas em altos cargos na ONU, como as de António Guterres e Jorge Moreira da Silva, sublinhando o “triste papel [que] faz Paulo Rangel quando comparado com o seu companheiro de partido”.

Irene Montero, eurodeputada do Podemos, também participou nesta sessão de abertura e destacou que para além do massacre em Gaza há também uma ofensiva na Cisjordânia que se soma à violência dos colonos dos últimos anos.

“Não podemos permanecer em silêncio, porque não fazer nada é ser cúmplice do genocídio”, prosseguiu Irene Montero, acusando os EUA e a Europa de serem cúmplices e prestarem apoio directo a Israel. E deu o exemplo do Governo espanhol, que “passa por ser um dos governos que mais faz para acabar o genocídio e é hoje um país de trânsito de armas que acabam por ser usadas para matar milhares de palestinianos”, acusou a eurodeputada do Podemos, repetindo a exigência aos governos europeus para cortarem relações comerciais com Israel.

“Este é um momento importante para fazer crescer na Europa as forças da paz e do feminismo”, prosseguiu Irene Montero, concluindo que são essas forças que farão frente ao “consenso da guerra” e ao neoliberalismo “que estende a passadeira vermelha à extrema-direita”.

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