O quarteto Telli Turnalar apresenta-se, este domingo, pelas 18h30, em Forjães, Esposende, num concerto dedicado à música tradicional da Anatólia (Turquia).
Inserida no Ciclo de Música sem Tempo e integrando as comemorações do 35.º aniversário de elevação de Forjães a vila, o concerto realiza-se e no cenário do lago da Quinta de Curvos, com entrada livre.
Telli Turnalar nasce em torno do amor partilhado pelo saz, pela música popular da Anatólia, pelos aşık, poetas-trovadores que expressam os sentimentos e revoltas do povo, pelos Alévis, para quem o saz é um instrumento sagrado, ou pelos uzun hava, lamentos com ritmo livre ou melodias dançantes.
O ensemble, composto por quatro músicos, oferece uma expressão feminina destas canções da Anatólia na sua diversidade cultural e linguística (o seu repertório baseia-se na herança turca, curda, zaza, arménia, laze, etc.), reflectindo a riqueza da viagem de cada uma.
As intérpretes cantam, no estilo do aşık, canções que são expressas em alto e bom som, sem medo. As cordas dos instrumentos e a voz vibram com a intensidade destes poemas. Cada voz, com o seu timbre particular, é por sua vez um solista ou peça de uma arquitectura feita de polifonia e arranjos subtis que incluem o saz (alaúdes da Anatólia), a percussão e a sanfona, um instrumento europeu cujo som aqui parece vir das montanhas da Anatólia ou das planícies da Mesopotâmia.
O conjunto procura assim fazer ouvir as vozes muitas vezes inaudíveis das mulheres, cujo sofrimento se reflcete em várias destas canções. Telli Turnalar canta ainda as liturgias orientais das diferentes religiões presentes na Anatólia, nomeadamente através dos textos de grandes poetas místicos ancestrais como Yunus Emre (século XIII), Pir Sultan Abdal (século XV), Dedemoglu (finais do século XVII-XVIII), Davut Sulari e Kul Ahmet (século XX).
É um sincretismo interessante que acontece entre estas quatro músicas. Duas europeias, que viveram na Turquia e duas de origem anatólia que cresceram em França encontram-se assim numa busca comum, feita de abertura, espontaneidade e generosidade.
OFICINA MUSICAL
Paralelamente ao concerto, é promovida uma oficina musical no mesmo dia, entre as 10h00 e as 12h00, na sede da União de Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra (Esposende), focada na mesma temática, dirigida a estudantes de música, músicos profissionais e amadores.
A participação é gratuita, requerendo inscrição prévia (link na agenda on-line do município ou através dos contactos [email protected] e 912332530.
Criado em 2021, o Ciclo de Música Sem Tempo é um ciclo de concertos itinerante criado pelo colectivo ‘Projecto Cardo’, que tem como objectivo estabelecer pontes entre músicos e público no qual, além dos concertos, são promovidas oficinas, conversas ou pequenas palestras informais. Desde a primeira edição que se procura valorizar o cruzamento de linguagens, a ligação humana e o recurso à música de identidade como forma de criar um público mais atento, sensível e assíduo. Esposende, Miranda do Douro e Santo Tirso, através dos respectivos municípios, e com co-financiamento da Direcção-Geral das Artes, recebem, ao longo de 2023 e 2024, artistas da Turquia, Suécia, Eslovénia, Irlanda, Brasil, França, Espanha, Grécia, Bulgária e Portugal.