Começa esta quarta-feira, pela tarde, o Conclave para decidir o próximo Papa. O processo inicia-se com a cerimónia de entrada e o juramento para a eleição do 267.º líder da Igreja Católica.
São, ao todo, 133 cardeais de 71 nacionalidades diferentes que, na Capela Sistina, decidem o sucessor de Francisco segundo os rituais da Santa Sé.
Depois da morte de Francisco, 252 cardeais foram chamados ao Vaticano, dos quais 135, com menos de 80 anos, são eleitores. Deste total, há dois que não participam por estarem doentes, totalizando 133 cardeais a votar, já em Roma.
Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, vai presidir os rituais e é, inclusive, um dos favoritos para próximo Papa.
O Conclave começa, assim, depois do período de luto por Francisco, com um processo que chama cardeais de todo o mundo à Capela Sistina, onde se realizam estas cerimónias desde 1492.
Até agora, decorreram as Congregações Gerais, em que os cardeais debatem o futuro da Igreja. Os cardeais com mais de 80 anos, apesar de não poderem votar, podem participar nestes encontros.
Nestas reuniões gerais, em 2013, o então cardeal Jorge Mario Bergoglio defendeu que a Igreja deveria dirigir-se às «periferias existenciais», aos que sofrem.
Aconteceram, até hoje, dez Congregações Gerais de cardeais, para que os eleitores percebam os objetivos de cada um. As primeiras reuniões dedicaram-se ao Estado da Igreja Católica e ao funeral de Francisco. Na última semana, os cardeais começaram a mostrar as suas posições sobre políticas do futuro da Igreja.
Missa antecede o Conclave
O ritual do dia de inciar o Conclave inclui uma missa, celebrada pelo cardeal decano do colégio cardinalício, Giovanni Battista Re, na Basílica São Pedro. Todos os cardeais ocidentais vestem vermelho, simbolizando o sangue de Cristo e dos mártires, enquanto os cardeais das Igrejas orientais usam trajes próprios.
Conclave vem do latim “cum” (com) e “clavis” (chave), significando «local fechado à chave», pelo que o processo deve ser realizado em segredo, com risco à excomunhão.
Assim, enquanto decorre o Conclave, os cardeais não podem ver televisão, ouvir rádio ou ler jornais. O acesso à Internet também é proibido e não podem usar telemóvel, a não ser em casos urgentes. Na sua maioria, os cardeais estão alojados na Casa de Santa Marta, no Vaticano.
Conclave é cumprido em segredo
Pelas 16h30, horário local, começa o Conclave, com procissão a sair da Capela Paulina do Palácio Apostólico, em que os cardeais eleitores se dirigem até à Capela Sistina, com o canto das ladainhas. Depois, na capela, é feito o juramento de segredo antes da eleição à porta fechada.
O mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, Diego Ravelli, diz “Extra Omnes” (“todos para fora”) e, assim, os presentes abandonam a Capela Sistina para começar o processo de votação. A reunião termina com o Papa eleito.
Os cardeais, cada um identificado, votam em boletins secretos, em espaços fechados, sendo proibido votar em si mesmo. Se nenhum dos cardeais reunir dois terços dos votos, ou pelo menos 89, dá-se a segunda votação.
O Conclave prevê quatro votações por dia, sendo duas de manhã e duas pela tarde, até que seja eleito o Papa. Se, depois de três dias, não houverem resultados, o processo é interrompido por um dia de orações.
No final da votação, os boletins são perfumados e queimados em forno cilíndrico, visível da Praça de São Pedro. Quando da chaminé sair fumo branco, há um novo Papa. Se sair fumo negro, significa que este ainda não foi eleito.
Esta cor do fumo é concebida pela adição de cartuchos químicos.
Quando o novo Papa for eleito, também vão tocar sinos.
Espera-se que o primeiro sinal de fumo saia da Capela Sistina a partir das 19h00 desta quarta-feira.
Quatro cardeais portugueses na eleição
Portugal tem quatro cardeais eleitores no Conclave, pela primeira vez.
Além dos quatro portugueses, António Marto, Américo Aguiar, Manuel Clemente e Tolentino de Mendonça, há mais nove lusófonos, sendo sete brasileiros, um cabo-verdiano e um timorense.