A Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura, em Esposende, foi «pequena para acolher todos quantos quiseram assistir» na tarde deste domingo, 29 de Janeiro, à «conversa intimista» com Pedro Abrunhosa.
Conduzida pela jornalista Helena Teixeira da Silva, a conversa partiu da temática «a arte, o silêncio e a bondade como valores de aproximação da humanidade», mas acabou por se tornar «muito mais abrangente, abordando vários outros temas, actuais e pertinentes, desde a religião à política».
«Mais do que uma conversa, o evento revelou-se um espaço de partilha e traduziu-se num momento cultural de elevado nível», pode ler-se em nota enviada.
Pedro Abrunhosa mostrou-se «agradado» por tão elevada presença de público, agradecendo a «calorosa e expressiva recepção».
Em jeito de apresentação, Helena Teixeira da Silva expôs Pedro Abrunhosa como um «homem de causas», tendo apontado diversos exemplos em que o músico, compositor e autor fez ouvir a sua voz, tomando posição pública, sobretudo em questões nacionais, mas também do foro internacional, como foi o caso mais recente do conflito Ucrânia-Rússia.
«É o repórter das guerras dos dias», afirmou Helena Teixeira da Silva.
«A arte é uma manifestação daqueles que veem à frente», afirmou Pedro Abrunhosa, considerando-a um elemento de ruptura e de transformação. Notou, aliás, que «não há nenhum testemunho histórico que não tenha tido antes uma componente artística».
A propósito da temática da liberdade, Pedro Abrunhosa fez notar que esta tem implicação «política e ética» e, neste contexto, vincou as «diferenças entre ética e moral». Aflorou a questão da política, que considera uma «nobre causa», assumiu reservas face ao avanço da extrema-direita e mostrou-se crítico relativamente aos políticos que se deixam corromper e que, entende, importa «expurgar».
O músico, também «leitor compulsivo», realçou ainda a «importância e o papel das bibliotecas», assinalando que estes são «espaços de saber e de coexistência do conhecimento». Ainda neste contexto, afirmou que «uma sociedade com maior literacia é mais evoluída e, como tal, menos exposta à pobreza e à exclusão».
Entre vários outros temas, foi aflorada também a questão das redes sociais, com o músico a «reconhecer virtudes nesta ferramenta, nomeadamente enquanto instrumento de divulgação e promoção do seu trabalho, mas altamente prejudicial se essa gestão for desregrada».
Na sessão, houve ainda espaço para o público colocar questões ao artista e perceber melhor o seu posicionamento sobre um conjunto de assuntos, e no âmbito do qual houve lugar à interpretação, ao piano, do tema “Para os braços da minha mãe”, um momento que a todos deliciou.