A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, recebeu a apresentação do livro ‘Vendaval de Utopias. Os Católicos da Revolução e o PCP’ de Edgar Silva, responsável da Organização do PCP na Madeira. A obra aborda a “ousadia” da tese da Alvário Cunhal de “mão estendida aos católicos”.
A apresentação contou com a participação de Manuel Pinto, professor e investigador, membro do Conselho de Ética da Universidade do Minho, e Raquel Gallego, da Direcção da Organização Regional de Braga do PCP.
O perfil académico de Edgar Silva é vasto – licenciatura em Teologia, mestrado em Teologia Sistemática, mestrado em História das religiões, bolseiro de doutoramento na Fundação Ciência e Tecnologia, com uma tese sobre catolicismo social e compromisso político, também bolseiro do Instituto Camões em Roma, doutorado em 2023 em História, com especialização em História Contemporânea, com a tese ‘Vendaval de Utopias, os católicos da Revolução e o PCP’. Actualmente é bolseiro pós-doutorado na Universidade Católica.
Edgar Silva é responsável da Organização do PCP na Madeira, membro do Comité Central, foi deputado na Assembleia Legislativa regional. Foi candidato a Presidente da República em 2016.
O livro é um ensaio histórico, que apresenta uma nova abordagem da tese de doutoramento homónima, de Maio de 2023, sobre o percurso da vanguarda católica na fase final da crise geral do fascismo, de 1965 ao 25 de Abril e à Constituição de 1976.
Para Manuel Pinto, o livro constituiu uma “grande surpresa, quer pela quantidade e profundidade de conteúdos, mas também por novos conceitos que desenvolve”, com a ideia de “Católicos da Revolução”.
Manuel Pinto afirmou que sendo alguém que apurou “a sua consciência social e política no activismo católico, foi com naturalidade que se identificou com muitas das experiências de luta referidas no livro”.
Na sua opinião, a orientação de trabalho que o PCP avançou na década de 40 do século passado designada por “dar a mão aos católicos”, numa “perspectiva de construção da unidade do povo e dos trabalhadores para resistir à ditadura fascista, foi um factor de avanço muito importante para abrir caminhos de convergência de pessoas que desejavam uma ruptura e que participavam em vários movimentos e áreas”.
Edgar Silva explicou a motivação que o levou à elaboração da tese, e depois do livro, que não pretende ser nem a história da Igreja, nem a história da PCP, mas “um ensaio sobre a intervenção da parte mais comprometida com o PCP do grupo amplo e heterogéneo de católicos da revolução”.
O livro contou com um intenso trabalho de campo, com dezenas de entrevistas com protagonistas da acção católica progressista.
OUSADIA
O autor do livro realçou a “ousadia” da orientação do PCP de trabalho em unidade com os católicos, que “foi parte integrante de uma cultura de abertura e diálogo que caracteriza a intervenção dos comunistas”.
Refira-se que no quadro das decisões do 7.º Congresso da Internacional Comunista (de 1935), o PCP formulou as teses da interacção de comunistas e católicos e da relação com a Igreja num texto de Álvaro Cunhal, aprovado em 1943 no III Congresso, sobre “a unidade da nação portuguesa na luta pelo pão, a liberdade e a independência”, que integrava a tese da “mão estendida aos católicos”.
Decidiu-se então que um crente pode ser membro do PCP e concluiu-se: “lutamos contra o sectarismo de muitos militantes e antifascistas. Houve erros de intolerância em 1910 que não devem repetir-se. Conquistaremos para a causa da democracia a massa dos católicos, na medida em que saibamos respeitar as suas crenças e ser os melhores defensores da liberdade de consciência”.
Mais tarde foi reafirmado por Álvaro Cunhal que “o PCP respeita rigorosamente as crenças religiosas, opondo-se a qualquer ofensa aos sentimentos religiosos. Os interesses e aspirações dos portugueses identificam-se e contradizem-se pelas classes a que pertencem e não pela religião que professam, na inteligência e no coração do povo podem coincidir a crença religiosa e a luta pela liberdade e a democracia, os ideais do socialismo, a solidariedade e a fraternidade humanas”.
Edgar Silva explicou a motivação que o levou à elaboração da tese, e depois do livro, que não pretende ser nem a história da Igreja, nem a história da PCP, mas um ensaio sobre a intervenção da parte mais comprometida com o PCP do grupo amplo e heterogéneo de católicos da revolução. O seu livro contou com um intenso trabalho de campo, com dezenas de entrevistas com protagonistas da acção católica progressista.
O autor do livro realçou a ousadia da orientação do PCP de trabalho em unidade com os católicos, que foi parte integrante de uma cultura de abertura e diálogo que caracteriza a intervenção dos comunistas.
Raquel Gallego referiu que iniciativa inseriu-se na 2.ª Edição do Roteiro do Livro Insubmisso promovido pela Direcção da Organização Regional de Braga do PCP, que vai percorrer a região na divulgação de livros comprometidos com os valores de Abril. A iniciativa seguinte tem lugar em Fafe sobre do livro ‘Os Lusíadas – Antologia Temática e Texto Crítico’ de António Borges Coelho e da revista Vértice.