As três mulheres de Rendufe, em Amares, cuja habitação foi fortemente atingida pelas cheias do Rio Homem, no dia 04 de Novembro, continuam alojadas em casa de vizinhos e familiares enquanto esperam por “ajuda” para recompor o lar que foi destruído. Nas últimas horas, lançaram uma campanha de recolha de donativos.
Num texto enviado à imprensa, uma das moradoras refere que “foi tudo muito rápido” e que “pouco ou nada” conseguiram salvar: “Até os animais acabaram por morrer. Éramos apenas nós, três mulheres, para conseguir tirar alguns bens materiais”.
Olga Pinto afirma que “esta situação deveu-se à abertura da barragem de Vilarinho das Furnas”, em Terras de Bouro, cujas comportas foram abertas pela entidade responsável, a EDP, tendo em conta os elevados níveis de água acumulados pela intensa precipitação que se fez sentir nesses dias.
A moradora enumera os prejuízos: “Ficámos sem colchões, roupas de cama, electrodomésticos (frigorífico, fogão, arca congeladora), camas, roupeiros, armários de cozinha, todas as estruturas dos quartos que eram em pladur ficaram danificadas, equipamentos informáticos (2 computadores e uma calculadora científica), livros, varinha mágica, motor que extrai água do poço, pois não temos água da companhia, mercearias, roupas do dia-a-dia, animais (galinhas e frangos), até as botijas de gás foram afectadas com esta inundação”.
“Dentro de casa, além do já referido, a água chegou a cerca de um metro, acabando também por afectar todas as tomadas e parte eléctrica. Não temos nada, está tudo estragado e danificado com a água”, acrescenta Olga Pinto no texto.
Neste momento, as três moradoras estão alojadas em casa de vizinhos, amigos e familiares. “Infelizmente, devido à situação em que se encontra o nosso país, é impossível para nós, filhas, repor tudo o que está danificado. Além disso, não temos seguro de nada. Perdemos tudo e não vejo nenhuma autoridade competente a ajudar-nos”, lamenta.
CÂMARA FAZ LEVANTAMENTO
Contactado pelo jornal “O Amarense”, o presidente da Câmara de Amares, Manuel Moreira, disse que os serviços de Protecção Civil Municipal já começaram a fazer o levantamento pormenorizado dos prejuízos sofridos pela família para enviar para a EDP, a quem pediu “responsabilidades”.
“Como tinha anunciado na última reunião de Câmara, reuni ontem com o responsável da EDP, que me disse que cumpriram os procedimentos definidos nestes casos. Ainda assim, pediu que a Câmara enviasse um relatório com os prejuízos para perceber o que será possível fazer”, disse o autarca.
Manuel Moreira reiterou a ideia de que a EDP deve “assumir responsabilidades” e “ajudar esta família”, nomeadamente para minimizar os prejuízos sofridos com a perda dos bens materiais.
O autarca acrescentou que o relatório de prejuízos incluirá outras situações de casas e estruturas que foram afectadas pela subida do rio, em Amares, “embora nenhuma tenha tido a gravidade desta”. “Faremos esse levantamento rigoroso”, garantiu.
CAMPANHA DE DONATIVOS
A família lançou uma campanha online de recolha de donativos para poder começar a reconstruir a casa. “Estamos quase a um mês e meio do Natal e queremos passá-lo na nossa casa, como sempre o fizemos, todas juntas”, refere Olga Pinto.