A Direcção-Geral do Património Cultural propôs a classificação da igreja de Santa Maria Madalena, em Chaviães, em Melgaço, como monumento de interesse público, de acordo com um anúncio publicado esta segunda-feira em Diário da República.
No documento, o director-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, sustenta o pedido de classificação enviado à secretária de Estado da Cultura no fundamento da proposta da secção do Património Arquitectónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura de 12 de Janeiro de 2022.
A classificação da igreja de Santa Maria Madalena, paroquial de Chaviães, situada na União de Freguesias de Chaviães e Paços, concelho de Melgaço, distrito de Viana do Castelo, foi oficialmente iniciada em Maio de 2018, com a publicação em Diário da República (DR) do anúncio da abertura do procedimento.
A proposta de classificação, “pelo valor histórico social e arquitectónico artístico de excepção” do templo, surgiu no âmbito dos trabalhos efectuados sobre arquitectura medieval de origem românica, património classificado no Alto Minho.
Em termos administrativos, a igreja fez parte, em 1839, da comarca de Monção e, em 1878, da comarca e julgado de Melgaço. Pertence à Diocese de Viana do Castelo desde 3 de Novembro de 1977.
IGREJA MEDIEVAL
De acordo com informação que consta no sítio da Direcção-Geral do Património Cultural na Internet, consultada pela Lusa, a igreja paroquial construída na época medieval conserva pinturas murais quinhentistas e tem retábulo-mor barroco.
“Existem evidências de, pelo menos, três camadas de pintura mural sobreposta. As pinturas murais desenvolvem-se em altura, por vezes existindo dois níveis ou registos de pintura, mas é impossível avaliar a sua extensão original”, lê-se na descrição do monumento.
Os “vários temas ou painéis representados são enquadrados por barras decorativas definidoras, realizadas à mão livre e de desenho e concepção bastante simples”.
“Ao contrário das representações normalmente seguidas para os reis magos no século 15 e 16, em que Gaspar surgia geralmente como jovem e imberbe, Baltasar como um homem maduro e, geralmente, negro, representando África, e Melchior como um velho, calvo e de longa barba branca, em Chaviães, as representações não seguiram inteiramente estas convenções”, adianta o documento.
Melchior e Gaspar “parecem da mesma idade madura, ambos com barba, e é Melchior que surge como negro”, surgindo ainda “outras irregularidades”, como “o prolongamento da cena para a parede do arco triunfal, separando-se a representação de Baltasar da legenda identificativa e que fora colocada na parede da nave, a colocação da sua coroa que parece flutuar sobre uma mancha laranja”.
“Santo Antão é representado com as vestes negras da ordem dos hospitalários de Santo Antão e com os seus atributos, o báculo e o porco. São Bartolomeu surge com o atributo, a faca de esfolar, mas aos seus pés vê-se um diabo negro, atributo que ocorre apenas na pintura ibérica. A cena do Homem Silvestre simboliza a fertilidade. A pintura denota várias mãos, devido às diferentes características de composição, desenho e modelação, sendo até as molduras diferentes”, acrescenta o documento.