Domenico Giorgi, também conhecido por ‘Berlusconi’ e ‘Milionário’, detido esta quarta-feira na operação internacional Eureka, mantinha várias pizzarias em Portugal, duas das quais no centro de Braga: Caffé Italy, na praça da República, e La Porta, na rua D. Diogo Sousa, na Sé, esta última alvo de buscas da PJ.
De acordo com as suspeitas da Interpol, os restaurantes serviriam para branquear milhões de euros em tráfico internacional de droga angariados pela máfia italiana ‘Ndrangheta’, a organização criminosa que opera na região de Calabria, em Itália.
Segundo o Correio da Manhã, além de Braga, Gaia e Aveiro, a Judiciária passou também pelos restaurantes Al Garage, na rua Castilho, e o Italy Caffe, na avenida Duque de Ávila, em Lisboa.
Todos estes espaços eram frequentados por caras conhecidas da política, como Marcelo Rebelo de Sousa, artistas e profissionais de televisão
Ao italiano, de 62 anos, foi apreendido meio milhão de euros em notas, documentos e viaturas, bem como os activos das nove empresas, entre elas os cinco restaurantes.
As receitas destes, segundo a Justiça italiana, revertiam para um fundo comum, que ficava num cofre de um apartamento em Roma, e eram distribuídas pelos sócios legítimos e pelos ocultos, avança o mesmo jornal.
O ‘Milionário’ colocou empresas em nome dos três filhos, sendo que dois deles também foram detidos. Ele é “um dos principais elementos na esfera desta organização criminosa na área do branqueamento de capitais e fraude fiscal”, afirmou Luís Neves, director nacional da PJ.
Os portos de Antuérpia, na Bélgica, Roterdão, nos Países Baixos, e Gioia Tauro, na Calábria, foram os principais em que ocorreu o tráfico internacional de droga. Entre a Europa e o Brasil foram movimentados 2 mil milhões de euros com mais de 20 toneladas de cocaína.
“A cocaína para chegar à Europa tem de ter uma estrutura do outro lado. Crime organizado. Há parcerias no crime: no fabrico, envio e recepção”, afirmou Luís Neves, citado pelo “CM”.
Além do ‘Milionário’, havia um segundo alvo em Portugal, que poderá ser o seu genro, mas como este se encontrava em Itália, foi aí detido.
Domenico já tinha sido investigado em Portugal em 2008, devido ao massacre em Duisburgo, na Alemanha, onde houve uma guerra entre famílias da ‘Ndrangheta que acabou com seis mortos à porta de uma pizzaria.
O inquérito acabou por ser arquivado em 2013.
FOTOS: Caffé Italy Braga Facebook