Ricardo Rio não é arguido no processo nem será acusado. Já o mesmo pode não suceder com o ex-presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, e com o dono da Britalar, António Salvador, que foram constituídos arguidos no processo da obra de prolongamento do túnel da Avenida da Liberdade.
Mesquita Machado foi anteontem interrogado na Polícia Judiciária de Braga que estará prestes a finalizar a investigação. Na terça-feira, tinha sido constituído arguido, no mesmo local, António Salvador.
Ao que «O Minho» soube, a PJ vai enviar o inquérito para o Ministério Público de Braga, com uma proposta de incriminação dos dois arguidos, mas caberá ao magistrado a decisão de os acusar ou não.
A empreitada foi lançada por Mesquita Machado em 2008, e o vencedor, a Britalar, apresentou um orçamento de 2,9 milhões de euros, inferior em cinco milhões às propostas de dois outros consórcios.
A acentuada diferença causou, na ocasião, estranheza nos meios empresariais já que o consórcio “Domingos da Silva Teixeira, SA”/Alexandre Barbosa Borges, SA”, apresentou o preço de 7,809 milhões de euros, enquanto que a firma “Arlindo Correia e Filhos, SA”/”Europa Ar-Lindo, SA”, fazia a obra por 7,901 milhões.No final da obra, a construtora pediu 1,1 milhões por trabalhos a mais. O pedido transitou para o novo presidente, Ricardo Rio, o qual, em 2013, pagou 700 mil euros, após um relatório técnico indicando que a Britalar tinha razão, e vincando que a Câmara perderia uma ação em Tribunal.
Seguiu-se, em 2014, uma queixa contra o autarca, feita por Hugo Pires, ex-vereador do PS. As declarações de Rio, no início do inquérito, levaram a PJ a alargar a investigação ao próprio concurso, estudando a possibilidade de ter havido favorecimento da Britalar, com uma contrapartida de financiamento partidário para as eleições de 2009.
Ao Jornal de Notícias de hoje, o seu advogado, Tinoco de Faria disse que Mesquita não favoreceu ninguém: ”a haver crime ele será do atual presidente, Ricardo Rio, que foi quem pagou os 700 mil”, disse.
O jurista acrescenta que, mesmo que Mesquita Machado tivesse tido a intenção de pagar, nunca chegou a fazê-lo, “pelo que não houve crime”.
Na ocasião, e em reunião de Câmara, o autor da queixa, Hugo Pires acusou o Executivo de Rio de andar sistematicamente a “denegrir” a anterior gestão do PS e lembrou o caso do túnel, como exemplo atual de alegada “gestão danosa”, dado que o pagamento das obras a mais poderia ter sido menor no Tribunal.
Em resposta, e no mesmo local, Ricardo Rio disse que a queixa “é uma hipocrisia do PS” que esperava visse a ser “cabalmente esclarecida”.
“O acordo visou defender o interesse da Câmara, assumindo as suas responsabilidades, e foi sustentado nos pareceres técnicos que tinham sido emitidos ainda no mandato anterior. Aguardo o desenlace do processo de investigação que seguramente o vai confirmar”, declarou.