As mulheres com emprego na indústria representam a maioria dos trabalhadores transfronteiriços afectados pelo encerramento de fronteiras entre o Alto Minho e a Galiza, de acordo com o perfil divulgado esta terça-feira pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho.
Em comunicado, o AECT Rio Minho adiantou que aquela conclusão resulta de uma “análise realizada aos 200 testemunhos recolhidos, de forma voluntária, entre os dias 2 e 18, concluindo que o perfil maioritário incide sobre o sexo feminino e com posto de trabalho no sector industrial”.
“Um dos dados estatísticos mais relevantes é a diferença significativa no que respeita ao género das pessoas registadas, já que 62% são mulheres e 37% são homens. Quanto ao sector económico prevalecente, a análise efectuada revela que o sector industrial é o que emprega um maior número de pessoas (50%), seguido do sector de serviços, do comércio e, finalmente, da administração e serviços públicos”, refere a nota.
Segundo o AECT Rio Minho, “quando questionados sobre o maior prejuízo provocado pelo encerramento de fronteiras, os testemunhos incidem sobre o grave aumento da distância e tempo na deslocação entre a residência e o local trabalho e vice-versa, por serem obrigados a fazer grandes desvios da rota, assim como a aguardar nos pontos de controlo”.
“Há ainda 25,29% dos afectados acusam um incremento notável no custo das suas deslocações, algo compatível com a primeira causa, 12,94% das pessoas comunicam que a actual situação foi mesmo impeditiva para se apresentar ao posto de trabalho, e 1,76% da amostra alegou um prejuízo puramente económico, derivado da diminuição do número de clientes oriundos da outra margem”, sustenta.
O lançamento do “registo voluntário online e a respectiva análise revelam que o restabelecimento da fronteira entre os dois estados ibéricos, acordado a 31 de Janeiro de 2021, se apresenta como um retrocesso a todos os níveis para o território do rio Minho transfronteiriço, em particular os impactos sociais e económicos, corroborado que ambos os governos desconhecem a real situação que se vive neste território comum”.
O formulário “continua disponível no ‘website’ smartminho.eu, solicitando dados relativos ao tipo de prejuízo sofrido pelas trabalhadoras e trabalhadores transfronteiriços, como perdas de tempo, aumento de custos da viagem ou redução de clientes”.
O objectivo “desta recolha é que possa servir de base reivindicativa de compensações para o território, a ser remetida às entidades nacionais e europeias competentes”.
No início deste mês, o primeiro-ministro António Costa disse que as fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha vão continuar fechadas até à Páscoa.
Legenda: 62% dos trabalhadores da indústria afectados são mulheres