«A Deslumbrada Vida de João Novilho», novo romance de Jorge Tinoco, estará nas livrarias, por todo o país, a partir do próximo dia 5 de fevereiro.
Num tempo fervilhante de casos políticos e em ano de eleições, vislumbra-se que este romance possa despoletar curiosas ou atentas reacções, interpretações e leituras. É muito provável que surjam já algumas dessas diferentes visões no ambiente da primeira apresentação pública do livro, que ocorrerá na Biblioteca Municipal Francisco de Sá de Miranda, em Amares, no próximo dia 23 de fevereiro, às 21h30.
Jorge Tinoco reparte a sua vida entre Amares e Braga, tem publicado ou integrado alguns livros de contos, sendo “A Deslumbrada Vida de João Novilho” o seu segundo romance – a vir a lume cerca de sete anos depois de “O Mar de Paula”. A quase totalidade destas obras anteriores encontra-se actualmente esgotada.
A obra, com chancela da Guerra e Paz, tem um fundo eminentemente político, mas é também marcada por algumas outras dimensões, que vão desde o histórico e o passional até ao sociológico ou mesmo ao filosófico.
Este carácter multifacetado e esta abrangência tornam o volume de cerca de duas centenas e meia de páginas num livro capaz de ir ao encontro do gosto e do interesse de diferentes públicos, tendo por isso recebido já, em jeito de pré-análise, distintas referências positivas.
De entre as várias qualidades que lhe são atribuídas, aparece realçada “a capacidade de construção de uma história consistente e corajosa, assente numa riqueza literária que faz ainda mais vivos o pendor interpelativo e a desenvoltura quase cinematográfica que subjazem à narrativa, conferindo-lhe uma carga realista que prende até ao fim, sem dar lugar à apatia nem à indiferença”.
Da resenha na contracapa, pode, de resto, retirar-se o seguinte excerto, em muito baseado na apreciação de Cláudio Lima, e que é porventura uma das críticas mais esclarecedoras:
“Impiedoso e inquietante, este romance espelha, sem meias-tintas, um quadro sociopolítico da vida portuguesa contemporânea na sua mais degradante expressão. Nele se entretecem e entrechocam as mais primárias e inescrupulosas ambições de domínio e de poder, corporizadas de forma superlativa no autarca João Novilho. A sua meteórica ascensão política é conseguida à custa de tudo quanto pode transformar o exercício autárquico digno e credível na mais venal, corrupta e execrável perversão dos ideais democráticos de um município, Rio Novo de Mil Nomes. O envilecimento do carácter, a manipulação das consciências e a degradação das instituições conduzem-no a um beco sem saída.”
Numa das badanas da obra, surge ainda referência a que se trata de um “livro politicamente incorrecto, desafiador, inconformista e incómodo, demolidor, desejavelmente escusado e absolutamente necessário a uma reflexão que se impõe – sob pena de o descrédito singrar e perigosos populismos sem escrúpulos prosperarem.”
Em destaque, abrindo a sinopse, também uma frase sobressai de imediato, classificando o livro como “um verdadeiro tratado de zoologia política”.