Peregrinas que passaram pelos Caminhos de Santiago denunciaram o assédio sexual “aterrador” que sofreram em áreas quase desertas em Portugal, Espanha e França.
Foram nove as mulheres que, em declarações ao jornal britânico The Guardian, alegaram ter sido vítimas de assédio nos últimos cinco anos, muitas a dizer que temeram pelas suas vidas.
A maioria dos incidentes aconteceu quando as peregrinas estavam sozinhas, em zonas isoladas e, de acordo com a investigação, dizem respeito a casos de homens que se masturbavam ou se tocavam, perseguição, toques indesejados, bem como uma situação em que um homem parou um veículo e instou uma peregrina a entrar.
Rosie, cujo nome completo não foi divulgado, contou o episódio que viveu em Portugal no início deste Verão. Ao diário britânico, a jovem, de 25 anos, disse que estava a caminhar num percurso florestal, quando se deparou com um homem sem calças que se masturbava enquanto a observava. Tentou contactar a polícia, mas sem sucesso.
“Foi aterrador”, disse. “Os Caminhos são tão espantosos, porque são tão difíceis, desafiantes (…) mas há este elemento extra que as mulheres caminhantes enfrentam, este enorme problema de segurança, que afecta completamente a sua capacidade de enfrentar os outros desafios ou de o desfrutar da forma como as outras pessoas o fazem”, considerou.
Já Lorena Gaibor, fundadora do fórum online Camigas, que liga mulheres peregrinas desde 2015, disse ao The Guardian que os relatos eram chocantes, mas não surpreendiam.
“O assédio sexual é endémico no Caminho. É muito comum. Todos os anos recebemos relatos de mulheres que passam pelas mesmas coisas”, disse.
Segundo a investigação, das nove mulheres que partilharam os seus casos, seis denunciaram o sucedido à polícia e só num caso o agressor foi localizado e processado.
Note-se, contudo, que os incidentes não são novos. Em 2019, por exemplo, um homem, de 78 anos, foi detido em Portugal por raptar e violar uma peregrina alemã, de 24.
Foto: Orion76