O presidente da Câmara de Ponte da Barca exigiu esta quarta-feira a reavaliação dos limites de armazenamento de água estabelecidos no contrato de concessão do Alto Lindoso e um estudo de impacto ambiental face ao “histórico” baixo nível daquela barragem Portuguesa do Ambiente (APA), quer com a EDP.
A situação é preocupante, tanto na albufeira da barragem hidroeléctrica do Alto Lindoso, como na de Touvedo”, afirmou Augusto Marinho.
O autarca referiu, à agência Lusa, que a barragem do Alto Lindoso “tem uma cota de 340 metros cúbicos de água, registando na quarta-feira uma capacidade de armazenamento de água de 289 metros cúbicos”.
Tal como já tinha acontecido em anos anteriores, como em 2021, os valores “anormalmente baixos” e “históricos” de armazenamento de água desde a sua construção voltaram a trazer à luz dia a aldeia de Aceredo, no concelho galego de Lobios, tornou-se local de visita de portugueses e galegos.
Nas redes sociais são inúmeros os registos fotográficos de visitantes ao que resta da antiga aldeia, como é o caso de fonte deitava água.
“Há um diferencial de cota de cerca de 50 metros cúbicos. As margens do rio Lima que estavam submersas que agora estão a olho nu. Impõe-se uma avaliação dos limites dos contratos de concessão e a autarquia quer estar envolvida nesse trabalho, quer saber qual o impacto na albufeira de Touvedo”, afirmou.
Segundo o autarca social-democrata, “a cota mínima da albufeira de Touvedo é de 48 metros cúbicos e, na quarta-feira, estava com 47,5 metros cúbicos”.
Explicou que a albufeira de Touvedo “é uma barragem de contenção, que serve para regular o nível do caudal do rio, quando a barragem do Alto Lindoso faz descargas, mas também tem captações de água para consumo humano”.
“Quero estar descansado que não há impacto ambiental, nomeadamente na qualidade da água para consumo humano”, sustentou.
Augusto Marinho assegurou que, actualmente, a qualidade da água está garantida, como comprovam “quer as análises realizadas pela empresa Águas do Norte, quer as efectuadas pela Câmara Municipal”.
“Não há qualquer alteração na qualidade da água. A água é de boa qualidade, mas é preciso assegurar que assim continue”.
“É este o momento para analisarmos se os limites estabelecidos nos contratos de concessão são os adequados ou não. Nesta matéria, a autarquia que ter uma palavra a dizer”, insistiu.
Augusto Marinho adiantou que as duas barragens “apresentam, desde Março último, uma capacidade inferior à média normal” e que em “Outubro e Novembro” o município iniciou “contactos junto da APA e da EDP por verificar baixos níveis de água armazenada”.
O autarca adiantou que o município desenvolve, regularmente, campanhas de sensibilização da população para a necessidade do uso eficiente de água, mas, face à situação actual, vai intensificar as acções.
A albufeira da barragem hidroeléctrica do Alto-Lindoso situa-se no rio Lima, entre as freguesias de Lindoso e Soajo (concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, respectivamente), dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).
A barragem foi projectada em 1983 e concluída em 1992. Inaugurada em Março de 1993 pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, a sua utilidade é a produção de energia eléctrica.
Em 1992, com a construção da barragem pela EDP, aquela aldeia foi submersa pelas águas, fazendo desaparecer cerca de 40 casas, ocupadas na altura por cem habitantes, além de vários hectares de produção agrícola.
FOTOS: Revista NiT