Rui Couceiro, pela obra ‘Baiôa sem data para morrero, e Giovana Madalosso, do Brasil, pela obra ‘Tudo pode ser roubado’ venceram ex-aequo o Prémio Literário Manuel de Boaventura 2023, entregue este sábado no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, em Esposende.
Rui Couceiro, natural do Porto, e Giovana Madalosso, de Curitibe (Brasil) integram, assim, a lista dos vencedores do Prémio Literário Manuel de Boaventura, instituído pela Câmara de Esposende, com o intuito de homenagear e divulgar este escritor e homem de cultura (1885-1973), natural de Vila Chã, Esposende, juntando-se a Ana Margarida de Carvalho (2017) Filipa Martins (2019) e Mia Couto (2021).
Na qualidade de presidente do júri, o professor universitário Sérgio Guimarães de Sousa lembrou que está quarta edição do prémio contou com 220 obras a concurso e que a decisão em premiar dois escritores ficou a dever-se ao facto de serem “duas obras magníficas”.
Integram também o júri Anabela Dinis Branco de Oliveira (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), na qualidade de vogal, e Maria Luísa Leite da Silva, vogal e representante do Município de Esposende.
Rui Couceiro, vencedor, sublinhou que “o último ano e meio tem sido uma estreia. Como escritor e como vencedor de um prémio literário. Esposende não sairá da minha vida”, vincou, fazendo a apologia das políticas públicas para a cultura, “pela preservação da memória, pelo reconhecimento do trabalho dos escritores e valorizam a literatura e a leitura”.
Na impossibilidade de estar presente na cerimónia, Giovana Madalosso fez-se representar por Sofia Santos, da Editora ‘Tinta da China’, que trouxe consigo uma mensagem gravada da autora premiada. Lamentando a ausência “num momento tão feliz e importante”, Giovana Madalosso felicitou Rui Couceiro, com quem partilha o prémio, e agradeceu a distinção considerando que “é uma forma de devolver um pouco da riqueza que eu recebi da literatura lusófona”.
“A pátria de um escritor é a sua língua”, afirmou, assumindo que foi através dos autores de língua portuguesa que se formou e se afirmou como escritora. Ganhar o Prémio Literário Manuel de Boaventura é “ter as portas abertas para o leitor”, referiu, manifestando o desejo de que a sua literatura possa chegar a novos lugares, dar a conhecer um pouco mais do Brasil e de outras realidades.
DIVULGAR MANUEL DE BOAVENTURA
O facto de, pela primeira vez, o júri ter decido atribuir o prémio ex-aequo a dois autores separados pelo imenso mar Atlântico “prova não a aproximação que a língua e a cultura pode fazer entre os povos, especialmente em tempos tão conturbados como os que vivemos actualmente, mas, também, a internacionalização do prémio. Aos dois autores, as minhas mais sinceras felicitações”, sublinhou Benjamim Pereira.
O presidente da Câmara Municipal recordou os três eixos, sobre os quais se desenvolve o projecto de divulgação da obra de Manuel de Boaventura, em concreto a reedição da sua obra (encontra-se em preparação o 7º e 8º volumes da colecção respectivamente Zé do Telhado no Minho e Histórias contadas à Lareira), a criação do Prémio Literário com o seu nome e a compra da Casa do Escritor com vista à sua recuperação e adaptação a Casa Museu. “Cumprimos todos os objectivos”, vincou Benjamim Pereira.
Em representação da família, Armando Boaventura agradeceu “o empenho do município na divulgação da obra de Manuel de Boaventura”.
A sessão de entrega do Prémio Literário encerrou com um momento musical protagonizado pela soprano Teresa Queirós, acompanhada por Luís Arede, ao piano, com interpretação de três poemas de António Correia de Oliveira, designadamente ‘Os Salgueiros’, ‘Canção das Aves’ e ‘Pinheiraes de Agosto’, que têm como compositor Luiz Costa.