Médicos veterinários alertam para os perigos que os medicamentos de uso humano podem causar aos animais de companhia. Uma das principais causas de internamento deve-se à ingestão de anti-inflamatórios e paracetamol a animais.
De forma a assinalar o Dia Mundial do Animal, 4 de outubro, os veterinários AniCura alertam sobre os riscos derivados deste uso inadequado de medicação de uso humano, como comprimidos, xaropes, aerossóis, pomadas à base de cortisol ou analgésicos.
“A AniCura é um grupo de hospitais e clínicas de animais especializado em cuidados médico-veterinários para animais de companhia, criado com o objetivo de gerar sinergias e partilhar recursos”, assume-se assim como entidade.
Dr. José Gómez, Head of Medical da AniCura Ibéria, informou que “É importante alertar os cuidadores sobre o impacto que os medicamentos de uso humano têm na saúde dos seus animais de companhia. Tratar bem os animais também significa ser consciente dos efeitos que estes produtos provocam na sua saúde”.
Em comunicado, os veterinários alertam para a ingestão de medicamentos de forma acidental e como prevenção recomendam guardar os medicamentos em locais onde eles não os consigam alcançar, como em gavetas ou armários fechados, mantendo-os sempre nas embalagens originais para prevenir lapsos, e não deitar medicamentos fora do prazo de validade no lixo comum.
No caso de contacto acidental do animal com um medicamento de uso humano, os donos devem procurar uma urgência veterinária.
Explicam também que o metabolismo dos animais de companhia difere do metabolismo humano, pelo que os tempos de tolerância ou de eliminação de substâncias, neste caso, de medicamentos, são muito diferentes, e a “automedicação” pode ter consequências potencialmente fatais.
“É fundamental estar alerta para que os animais de companhia não estejam em contacto permanente com medicamentos de uso humano. Na maioria dos casos, falamos de situações que podem ser evitadas se os cuidadores se mantiverem vigilantes. Por isso, é importante que estejam conscientes destes riscos”, alertou o Dr. José Gómez.
A Dra. Margarida Cid, médica veterinária do AniCura Restelo Hospital Veterinário, afirmou que “apesar da cada vez maior consciencialização, continuam a surgir casos de ingestão ou contacto com medicamentos de uso humano, tanto em cães como em gatos”.
Como exemplo foi dado o caso de Jerry, um gato com três anos, que, ao magoar-se no membro anterior esquerdo após saltar de um móvel, começou a coxear. O cuidador decidiu dar-lhe paracetamol em xarope, indicado para crianças. O animal deu entrada no Serviço de Urgência pouco tempo após ingestão do xarope com dificuldade respiratória severa, mucosas cianóticas e prostrado. Foi colocado a oxigénio e administrado sedativo para se manter tranquilo. As análises acabaram por revelar alterações das enzimas hepáticas e administrou-se acetilcisteína e tratamento de suporte com fluidos. “Felizmente a dose de paracetamol ingerida tinha sido baixa e em 48 horas o Jerry recuperou”, recordou a Dra. Margarida Cid.
Também Bob, um labrador retriever de seis meses é mencionado. Bob ficou sozinho em casa e conseguiu abrir a porta do armário que guardava os medicamentos e roer um frasco de suplementos vitamínicos, ingerindo praticamente todo o seu conteúdo de cápsulas. Foi levado à urgência pela dona e, após exames, decidiu induzir-se o vómito medicamente. Foi-lhe administrado carvão ativado para prevenir a restante absorção e o caso resultou num internamento de 72 horas para tratamento de suporte.