O homem que tentou matar a ex-namorada com uma faca em Maio de 2023, numa rua no Porto, assumiu esta quarta-feira em tribunal que a “esfaqueou inconscientemente” e que não queria ter feito aquilo.
“Não queria ter feito aquilo que fiz, estava sob forte emoção”, contou o arguido, acusado de homicídio qualificado na forma tentada, perante o colectivo de juízes do Tribunal São João Novo, no Porto, onde começou a ser julgado esta quarta-feira.
Segundo a acusação, o arguido movido por ciúmes e rejeição esfaqueou no interior do carro, a 17 de Maio de 2023, a ex-namorada no pescoço, peito, ombros, mãos e pernas na rua Azevedo de Albuquerque, junto ao hospital de Santo António, no Porto.
O arguido, em prisão preventiva, explicou que à altura do crime não estava a atravessar um bom momento porque estava sem emprego e sem relacionamento amoroso e a viver no carro.
“Não sabia que ia ter este desfecho”, atirou, acrescentando que no dia anterior ao crime se tinha tentado suicidar.
O homem, que explicou já estar separado da vítima desde Janeiro de 2023, referiu que pediu à ex-namorada para vir ter com ele ao Porto, dado esta já residir noutra cidade, porque tinha de ser internado e precisava que ela lhe ficasse com o carro para não ficar na rua.
No dia do crime, acrescentou, ela encontrou-se com ele no carro e, já no interior, começaram a discutir e ela tirou uma faca do bolso e esfaqueou-o, apesar de assumir que foi ele que iniciou a discussão.
Para justificar a actuação, o arguido sublinhou que tomava uma medicação diária que, naquela ocasião, não estava a tomar.
Contudo, a mulher, de 25 anos, garantiu que não tinha nenhuma faca com ela e que acabou o relacionamento porque ele era agressivo e tinha “medo que algo pior acontecesse”.
A vítima contou que, naquele dia quando entrou no carro, o ex-namorado lhe disse: “Você destruiu a minha vida e agora vou acabar com a sua e trouxe três facas”.
Além disso, a mulher relatou que conseguiu escapar do ex-namorado porque conseguiu partir uma das facas com a mão e porque, entretanto, chegou uma pessoa que a ajudou a sair do carro.
A vítima confirmou ainda que o ex-namorado tomava medicação porque tem um défice de atenção, mas passava períodos sem a tomar sem que isso lhe causasse problemas.
No final da primeira sessão de julgamento, que prossegue a 12 de Junho, o procurador do Ministério Público (MP) pediu que, em caso de condenação, o arguido seja expulso do país.