O cardeal José Tolentino de Mendonça recebeu, este sábado, no Mosteiro de Rendufe, em Amares, o prémio relativo à terceira edição do concurso literário Francisco Sá de Miranda, iniciativa bienal instituída pela Câmara Municipal e pelo Centro de Estudos Mirandinos.
O poeta, que viu premiada a obra “Introdução à Pintura Rupestre”, mostrou-se “honrado” por ver o seu nome inscrito na lista dos vencedores do prémio Sá de Miranda, a quem a “cultura portuguesa muito deve”.
“É verdadeiramente uma grande honra e uma responsabilidade ter este prémio com o nome de Sá de Miranda, que está entre os autores clássicos não apenas de língua portuguesa, mas do espaço europeu, no qual ele foi um humanista extraordinário”, destacou.
Tolentino de Mendonça apelou, depois, a uma maior valorização da poesia, considerando ser “muito importante que volte ao quotidiano”, que “volte a ser um instrumento de conhecimento”. “Afastou-se a poesia da vida comum, da formação do cidadão, dos gestos, daquilo que ilumina e dá sentido à vida”, explicou.
Lembrando a sua própria experiência de vida, sobretudo na infância, que esteve na base da obra premiada, o cardeal e poeta garantiu que “os poetas existem para serem testemunhas e para poderem contar o que é muito difícil de contar, aquilo que escapa, que não é visível”.
“A poesia é importante para o real, para a nossa forma de viver e para a nossa forma de ser”, frisou José Tolentino de Mendonça.
Antes, o presidente da Câmara de Amares, Manuel Moreira, garantiu que o prémio literário Francisco Sá de Miranda é uma iniciativa para continuar e sublinhou a importância de reconhecer a “qualidade e a excelência” das obras escritas em língua portuguesa.
“Esta iniciativa já é uma das maiores referências culturais de Amares”, vincou o autarca.
De acordo com o presidente do júri, Sérgio Guimarães de Sousa, a obra foi uma escolha “consensual e unânime” dos jurados, que avaliaram 170 diferentes obras poéticas provindas de vários locais do globo, com destaque para o Brasil e outros países de língua oficial portuguesa, além de Portugal.
Tolentino Mendonça é o terceiro autor distinguido com o literário Francisco de Sá de Miranda, sucedendo assim a Nuno Júdice (em 2019, com a obra “Mito da Europa”) e Ana Luís Amaral (em 2021, com a obra “Ágora”).