Trabalhos de prospeção de lítio voltam a ‘esburacar’ Boticas A Savannah Resources deu início, esta semana, à retoma das prospeções de lítio em Covas do Barroso, no concelho de Boticas, após uma pausa de 15 dias devido a uma providência cautelar. A empresa considera que, com a continuidade dos trabalhos, está a consolidar cada vez mais “plataformas de confiança”. O CEO da Savannah, Emanuel Proença, explicou à agência Lusa que os trabalhos retomados são os mesmos realizados antes da suspensão temporária, que durou dois meses.
A providência cautelar, interposta por três proprietários no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela, contestava a servidão administrativa concedida pelo Ministério do Ambiente, que autorizava a empresa a aceder a terrenos privados e baldios por um período de um ano.
Após a interrupção dos trabalhos e a resolução do ministério, que justificou a continuidade do projeto com base no interesse público, a Savannah voltou a retomar as prospeções na segunda-feira.
Emanuel Proença comentou que, embora esperassem oposição, reconhecem que a providência cautelar era um direito dos proprietários.
No terreno, os trabalhos prosseguem nas zonas de Covas do Barroso e Romainho, com sondagens geológicas semelhantes a furos para captação de água, além do desmatamento para criar acessos e nivelamento de terrenos. De acordo com o responsável, 97% das atividades já foram concluídas.
As amostras recolhidas estão a ser analisadas no centro de geologia da empresa, e uma parte é enviada para laboratórios internacionais para garantir a acreditação dos materiais.
Além disso, estão a ser realizados postos de geotecnia, fundamentais para o planeamento de futuras infraestruturas. Atualmente, cerca de 50 colaboradores, entre locais e pessoas recém-chegadas à região, estão a trabalhar no projeto.
Para os acolher, a empresa está a requalificar casas abandonadas e a melhorar os serviços de saúde, educação e mobilidade. O projeto inclui também a construção de estradas que beneficiarão tanto a mina como as populações locais.
Proença sublinhou que, embora a região tenha um grande potencial, será necessário reforçar alguns serviços essenciais.
A maior parte das contratações ocorrerá na fase de construção e durante a operação, com a exploração da mina prevista para começar em 2027.
O CEO salientou que o projeto da mina de Barroso é um dos mais “escrutinados” no país, e que a oposição radical de alguns populares e autarcas tem dificultado o diálogo.
No entanto, novas associações estão a surgir e algumas delas veem o lítio como uma oportunidade para o desenvolvimento da região. A empresa, por sua vez, continua a trabalhar no sentido de fortalecer a confiança da comunidade e superar os obstáculos, criando novas oportunidades para todos.
Sobre a fábrica de baterias de lítio da empresa chinesa CALB em Sines, Proença afirmou que esse projeto, juntamente com os da Savannah e outros na cadeia de valor do lítio, baterias e veículos elétricos, oferece uma excelente oportunidade para o desenvolvimento económico do país, criação de emprego e fixação de pessoas em regiões como Trás-os-Montes.
Ele comparou este desenvolvimento à transformação que a fábrica da Autoeuropa trouxe ao sul do país.