O Tribunal Administrativo de Braga indeferiu a providência cautelar interposta pela empresa Bracicla contra a Câmara de Amares, por causa do fecho da rua Santo Aleixo/Travessa de Monte Rabadas entre Figueiredo e Prozelo, o que impede a passagem dos seus camiões. Mas a firma fez um requerimento de suspeição do juiz, Nuno Cerdeira Ribeiro, alegando que foi adjunto e assessor jurídico do presidente da Câmara, Manuel Moreira.
O litígio prende-se com a passagem, naquela artéria, de camiões para os armazéns da Bracicla, que incomodam os moradores da zona.
O Município começou por proibir o atravessamento entre as 20h00 e as 08h00 e depois construiu uma estrada paralela que vai ter a um muro dos armazéns.
A partir daí, decidiu, em reunião de Câmara, em Dezembro de 2021, fechar a rua de Santo Aleixo a pesados, para forçar a Bracicla a abrir uma entrada e acabar com o problema.
«Investimos 250 mil euros, a bem do sossego dos moradores. Os camiões ocupam a rua toda e põem, também em causa, a segurança dos peões. Agora, é só abrir um portão e fazer uma rampa. O acesso está feito e só não o concluem por teimosia», disse ao jornal “O Amarense” o presidente da autarquia, Manuel Moreira, acrescentando que se a Bracicla não recorrer a rua será fechada.
Sobre o facto de o magistrado ter sido seu adjunto, afirma que «isso em nada afeta a sua independência e a decisão judicial».
NÃO HÁ TEIMOSIA
Esta versão é contrariada por António Veloso, o gestor da empresa que se dedica à reciclagem de papel e de cartão.
«Não há teimosia nenhuma. O local onde a nova rua termina, junto ao nosso muro, implicava obras de remoção dos cabos elétricos, de telecomunicações e outros, que estão enterrados a apenas 70 centímetros de profundidade e que, por isso, colapsariam se os camiões passassem por cima», afirma.
O empresário salienta que teriam de ser mudada toda a cablagem do empreendimento, que custaria 900 mil euros. Além disso, teria de ser substituída a balança que pesa os camiões à entrada e que gira com eles em cima, de modo a que possam sair sem fazer manobras.
«Com os cabos novos e a balança, o custo atingiria mais de um milhão de euros, o que é incomportável», precisou.
António Veloso assegura que não está a fazer birra, como qualquer técnico do sector o pode confirmar. «Estão aqui investidos 15 milhões de euros, que estamos a amortizar, temos 50 trabalhadores e exportamos 80 por cento dos nossos produtos reciclados. Se fecharem a rua, ficamos inoperacionais e podemos encerrar», adverte.
O empresário diz que «compreende e aceita» as queixas dos residentes, mas sublinha que «o problema se soluciona desviando a nova rua em dez metros», de forma a coincidir com a entrada principal do complexo.
«Estamos dispostos a cooperar financeiramente para essa alteração, mas os terrenos não são nossos, estão num parque industrial da Câmara», assinala.