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OPINIÃO -
Os perigos lá em casa

Artigo de João Ferreira

 

Sabia que pequenos gestos e acções preventivas ou mesmo reactivas fazem grandes diferenças? 

Analisaremos algumas questões que fazem parte da maioria das casas dos portugueses e algumas das situações em que o “instinto” não é o melhor aliado.

Comecemos pela cozinha, possivelmente a divisão que mais perigos apresenta. Embora hoje em dia já se direccione mais para o consumo eléctrico, quantas cozinhas ainda usam gás, seja para o fogão ou para o esquentador? E aqui temos mais duas variantes o gás “engarrafado”(butano, propano) e o gás natural. 

Os primeiros são mais densos (mais pesados) que o ar e o segundo menos denso (mais leve), o que influencia os locais onde se acumulam em caso de fuga. Ainda relativamente ao gás, este deve ser armazenado no exterior da habitação, em lugar seguro e arejado. Sabe que a mangueira tem data de validade?

Em caso de fuga pode cortar o gás em vários pontos, na própria garrafa, e nos passadores perto do equipamento (fogão, esquentador) ou no caso dos apartamentos com gás natural, à entrada do prédio, no piso do apartamento e antes dos equipamentos. 

Não se esqueça que está a manusear um produto altamente inflamável. Ventile o espaço, não use ou manuseie equipamentos que produzam faísca (lanternas, esqueiros, entre outros), tenha até mesmo cuidado com a electricidade estática. Recorra a técnicos qualificados que realizem a instalação, a reparação e a manutenção destes aparelhos. Não tente reparar sozinho.

Ainda na mesma divisão, vamos analisar outro perigo, o fogo provocado por chama ou mesmo por curto-circuito. Entre os riscos associados a este perigo destacam-se dois: a queimadura e o incêndio. Sobre a queimadura esqueça as receitas caseiras (manteiga, pasta de dentes, vinagre, álcool, borra de café…), use apenas água/soro fisiológico para irrigar ou mergulhar a área afectada, não rebente as bolhas (flictenas) e proteja a área afectada com material limpo (preferencialmente esterilizado) para evitar a infecção. Recorra a profissionais de saúde para a avaliação e tratamento.

Em caso de incêndio na cozinha, a actuação muda mediante aquilo que arde. Se arder algo sólido (classe A) use um extintor de pó químico ABC ou CO2, se for de origem eléctrica desligue primeiro da fonte de alimentação (se seguro). Se não possuir em casa extintor, sobre incêndios em combustível sólido (excepto eléctricos) pode usar água. Se o incêndio for na frigideira, por exemplo (classe F), poderá usar os extintores atrás referidos, mas preferencialmente um extintor ABF. Se não possuir extintor em casa, neste caso NUNCA USE ÁGUA, use uma manta ignífuga ou um pano que cubra toda a superfície da frigideira e aguarde. “Cortará” assim o oxigénio, um dos ingredientes para existir combustão.

Não se esqueça: os gases resultantes da combustão (queima dos gases), como do esquentador, deverão ser ventilados para o exterior. Nunca saia de casa com algum equipamento de combustão ligado.

Saindo agora um pouco da cozinha, os principais perigos existentes nas restantes divisões são sobretudo de origem eléctrica ou outra fonte de calor, provocando habitualmente incêndios por curto-circuito ou por radiação (transmissão de calor pelo ar) de lareiras ou radiadores.

Verifique as instalações eléctricas, compre produtos eléctricos certificados, limpe com regularidade chaminés e exaustores, feche válvulas do gás quando sair de casa.

Sempre que tiver um incêndio em casa, actue se seguro, se não for seguro feche as portas e janelas reduzindo assim a “alimentação” de oxigénio ao incêndio e evacue em segurança.

Se os compartimentos estiverem com fumo, caminhe o mais baixo possível até local seguro.

Actue sempre em segurança, mas primeiro previna.

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