Artigo de Mariana Carvalho
Médica do ACES Gerês/Cabreira
A dislipidemia, mais conhecida como “colesterol alto”, é uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de lípidos (gorduras) em circulação no sangue, incluindo o colesterol e os triglicerídeos. Esta é uma doença bastante prevalente na população portuguesa, chegando a estar presente em cerca de 30% dos portugueses.
Nada melhor que aproveitar o mês de Maio, mês do coração, para chamar a atenção para esta doença e fator de risco tão prevalente.
Embora seja frequentemente negligenciada, a dislipidemia é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais, pois está envolvida no desenvolvimento de aterosclerose. A aterosclerose é o resultado da acumulação de gordura na parede das artérias, formando uma placa que diminui o espaço dentro destes vasos e impede a circulação normal de sangue. Com o aumento da placa de gordura, o fluxo de sangue pode ficar obstruído, de forma parcial ou total, dificultando a circulação de sangue até órgãos vitais, como o coração e o cérebro. A obstrução provocada pelas placas impede que o sangue chegue a estes órgãos, levando a um enfarte agudo do miocárdio ou a um acidente vascular cerebral.
O aumento do colesterol, associado a outras doenças e fatores de risco, como a Hipertensão Arterial, a Diabetes Mellitus, o excesso de peso, aumenta ainda mais a probabilidade de complicações graves, uma vez que estas também provocam alterações nas artérias.
Um motivo que pode ser causador de confusão é o facto de olhar para as suas análises e perceber que o colesterol até está abaixo dos 200mg/dl, mas mesmo assim o seu médico dizer que este não está controlado. Isto acontece porque o valor que mais influencia a placa de aterosclerose é o de colesterol-LDL (conhecido como “colesterol mau”) e não tanto o valor de colesterol total. O colesterol-LDL é o que consegue entrar na parede das artérias e começar a formação da placa que a vai obstruir.
A boa notícia é que o colesterol aumentado pode ser evitado, através de alterações no estilo de vida, que incluem a alimentação e exercício físico.
Para simplificar, ficam algumas dicas que, comprovadamente, ajudam no seu controlo: 1. Em tudo, a quantidade faz a diferença, não exagerar; 2. Diminuir o consumo de gorduras (evitar carnes vermelhas e preferir carnes magras, como frango, peru e coelho) e confeção de alimentos fritos; 3. Aumentar consumo de cereais integrais, vegetais e fibra (aveia, feijão, ervilhas, batata, legumes, fruta, etc); 4. Aumentar a atividade física (30 minutos de caminhada por dia fazem maravilhas).
Quando as modificações de estilo de vida não são suficientes, será necessário recorrer à ajuda de medicamentos para manter um bom controlo dos níveis de colesterol em circulação (principalmente o colesterol-LDL). Para isso, aconselhe-se com o seu Médico de Família!