Marcelo Rebelo de Sousa lançou apelos à mobilização para as eleições legislativas de março na sua tradicional ‘Mensagem de Ano Novo’. Esta noite, o Presidente da República fez um balanço de um ano que terminou «com mais desafios e mais difíceis» do que aqueles com que começou.
«Há um ano, disse-vos que 2023 poderia ser decisivo no Mundo, na Europa e em Portugal. E foi!», assinalou o presidente da República. DE resto, olhando o Mundo, diz que «ficou claro que a guerra na Ucrânia está para durar» e que «o antigo conflito de dois povos que querem a mesma terra se convertia novamente em guerra aberta no Médio Oriente».
Na vertente económica, assinalou que «a inflação descia, mas o crescimento não subia». Muito por culpa dos conflitos mundiais, mas não só: «Na Europa, ficou claro que o crescimento marca passo, mesmo nas sociedades mais fortes. Ficou claro que o egoísmo, o fechamento, a preocupação com a segurança ganharam adeptos, que querem uma União Europeia fortaleza distante do resto do mundo e até do resto da Europa. Ficou claro que, ainda assim, a maioria entende que negar alargamentos e parcerias é pior do que fazê-las com preparação, bom senso e equilíbrio».
O chefe de Estado aponta para as eleições europeias, que ditarão o tempo imediato na Europa, «no medo, como na abertura e na recuperação económica».
Olhando o ‘ano velho’, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que «2023 acabou com mais desafios e mais difíceis do que aqueles com que havia começado. Mas a democracia nunca tem medo de dar a palavra ao povo e nisso se distingue da ditadura. Portugueses, 2024 irá ser aquilo que os votantes em democracia quiserem. Em Portugal, em março. Na Europa, em junho. Na maior potência do mundo, em novembro. E, antes disso, em fevereiro, nos Açores».
Por isso, o chefe de Estado considera que 2024 será ainda «mais decisivo» do que o ano que passou.
Lembrando que, «por simbólica coincidência, este é o ano do meio século da democracia em Portugal», Marcelo recordou que «há meio século, por esta altura, as contas já não eram certas», com o primeiro choque petrolífero a abalar a economia do país, que «a situação em África» se degradava todos os dias e que o número de emigrantes ultrapassava o milhão. «Há meio século, com censura e sem liberdade de organização e ação política, não era possível votar.se livremente. Os que estavam recenseados para votar eram apenas dois milhões em dez e os votados eram todos de um só partido».
APELO AO VOTO
«Sabemos que o voto não é tudo, mas sem voto não há liberdade nem democracia. Sabemos que todas as democracias, e também a nossa, são inacabadas, imperfeitas, desiguais, e que deveriam ter menos pobreza, menos injustiça, menos corrupção, menos desilusão dos menos jovens, mais lugar para trabalhar e viver dos mais jovens», enumerou Marcelo, afirmando que «o que se espera e exige dos próximos 50 anos é muito mais» do que os que agora findam. «Até porque os tempos são e serão sempre mais rápidos, mais exigentes e mais difíceis. E o começo desses mais 50 anos é hoje, é agora, é já, na vossa decisão sobre o rumo que quereis. Para os Açores, para Portugal, para a Europa».
E encerrou, citando o “Grândola, Vila Morena”: «Desde 1974, entre nós, é o povo, e só o povo, quem mais ordena, quem mais decide, a pensar no seu futuro, a pensar no futuro de Portugal».