O Caminho da Geira e dos Arrieiros, que atravessa Amares e Terras de Bouro, anuncia a abertura de um terceiro albergue, o albergue de acolhimento tradicional “Repouso do Caminhante”, localizado em Beariz, na província galega de Ourense. Os promotores anunciam que estão em curso outros três projetos semelhantes.
A reabilitação da casa começou no final do ano passado, durou quatro meses e tem capacidade para receber seis pessoas, em três beliches. Contudo, em caso de necessidade, o número pode duplicar com recurso a colchões e sacos-cama.
O edifício de dois pisos – composto por uma casa de habitação e um curral – tem 200 anos e estava em ruínas quando foi adquirido por José Balboa Rodríguez que, aos 87 anos, teve a «ousadia de se lançar num projeto como este, por muito pequeno que seja», com o apoio da sua esposa, Lorena.
Além do espaço ocupado pelos beliches, o albergue possui instalações sanitárias com duche, uma cozinha equipada com o essencial, incluindo fogão, frigorífico, louça e talheres, e uma área para estender roupa.
O albergue funciona com base em donativos. «Não tenho qualquer interesse económico. O que desejo é que seja um lugar onde os peregrinos possam descansar com toda a tranquilidade. E que seja um estímulo, que contagie outros a fazer o mesmo. Se deixarem um donativo para pagar a eletricidade e outras despesas, bendito seja Deus. E se não deixarem, bom caminho de qualquer maneira», afirma o escritor.
A espiritualidade do Caminho e a luta contra a desertificação são duas razões que o motivam: «Acredito que o Caminho é um autêntico cordão umbilical para que as aldeias e o mundo rural por onde passa possam progredir ou renascer», explica.
Nas proximidades do albergue, a menos de 200 metros, existem uma farmácia, banco, lavandaria, talho, mercearia e um restaurante. José Balboa Rodríguez apenas pede aos peregrinos que, sempre que possível, reservem a estadia com dois ou três dias de antecedência para que se possa atender a qualquer necessidade.
JUNTA-SE A CALDELAS E PONTEVEDRA
Além do “Repouso do Caminhante”, os peregrinos do Caminho da Geira e dos Arrieiros já podem usufruir dos albergues público de Santiago de Caldelas, no concelho de Amares, e privado de Couso-Pontevedra (donativo).
No verão, está previsto iniciar a reabilitação da aldeia de Varziela, em Castro Laboreiro, que incluirá um albergue. Está em desenvolvimento outro projeto, na zona da fronteira, que também prevê prestar apoio a peregrinos. A localidade de Béran, onde se encontra o Km 100 deste caminho, deverá igualmente dispor de um albergue a curto prazo.
CAMINHO DA GEIRA
O Caminho da Geira tem 239 quilómetros, começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem.
Nos últimos seis anos foi percorrido por quase quatro mil peregrinos, sobretudo de Portugal e Espanha, mas também de outros 13 países europeus, e do Afeganistão, Aruba, Austrália, Azerbeijão, Bahamas, Belize, Brasil, China, Colômbia, EUA, Japão, México, Palestina ou Uruguai.
Foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019 e em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de Portugal (2021).
O percurso destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira, via do género mais bem conservada do antigo império ocidental romano, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.