Nove companhias de teatro do concelho de Braga juntaram sinergias e vão levar à cena, no dia 07 de abril, a peça “Até quando?”, que se assume como uma reflexão sobre a liberdade.
Segundo o encenador convidado para o projeto, Roberto Moreira, a ideia é “provocar o público”, levando-o a refletir sobre a liberdade e sobre as ameaças que sobre ela pairam.
“Só porque alguém, há 50 anos, fez o 25 de Abril, não podemos dar a liberdade por garantida, podemos perdê-la a qualquer momento. Queremos que o público saia a pensar nisso”, referiu.
A peça vai ser levada a palco pelo movimento Semnome, um coletivo que reúne os grupos Artes d’Alegria, CEA — Cooperativa de Ensino Artístico, Grupo Cénico de Arentim, Grupo de Teatro Planalto, Malad’Arte Produções, Nova Comédia Bracarense, Projeto Expressar, Teatro D’Art e Tin.Bra — Academia de Teatro.
Todos os grupos são do concelho de Braga.
“Numa altura em que o espírito de comunidade se está a perder e em que estamos cada vez mais fechados nas nossas bolhas, este é um projeto que faz todo o sentido”, disse ainda Roberto Moreira.
Para o encenador, o resultado esperado é “um grande espetáculo e uma grande celebração da liberdade e do 25 de Abril”.
A peça vai ser apresentada no dia 07 de abril, no Theatro Circo, na cidade de Braga.
Integra-se no âmbito da programação da segunda edição do Braga En’Cena, um festival de teatro que decorrerá até 08 de outubro e apresentará oito espetáculos inéditos, sempre no Theatro Circo.
Este festival surgiu como uma resposta do município de Braga aos anseios das entidades culturais locais, focando-se na promoção e desenvolvimento do teatro no concelho.
“Materializando-se como uma iniciativa complementar de apoio às entidades culturais dedicadas ao teatro na região, o Braga En’Cena nasce do desafio de as diferentes companhias dialogarem e desenvolverem, de forma articulada, novas produções teatrais, tanto em projetos individuais como coletivamente”; refere um comunicado do município.
A receita de cada espetáculo reverte a favor dos grupos que sobem ao palco.
No dia 14 de abril, será a vez do espetáculo “Animais”, do Grupo de Teatro Planalto, uma peça criada a partir da obra “A Quinta dos Animais”, de George Orwell, escrita em 1945.
Segue-se, a 05 de maio, a Nova Comédia Bracarense, com “O Aniversário do Casamento III”, uma comédia ligeira em um ato que encerra a saga aniversariante do casal Beto e Bela e que satiriza o imaginário coletivo e a cultura popular.
A 12 de junho, sobe ao palco a Cooperativa de Ensino Artístico — CEA, com a peça “Asas de Pedra”, um drama que parte de um quadro poético e inspirador para um passado inimaginável e difícil de aceitar.
Em julho, no dia 07, é a vez do Grupo Cénico de Arentim apresentar o espetáculo “Passa Por Mim Na Arcada”, uma peça do género revista.
“Se Uma Gaivota Viesse”, da Tin.Bra – Academia de Teatro, é a proposta para 31 de julho.
Trata-se de um espetáculo baseado no romance “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach, com inspiração na escultura “O Vigilante”, de Alberto Vieira (exposta na Rua do Castelo, em Braga).
Em setembro, dia 10, apresenta-se a peça “Voltamos Todos”, do Projeto Expressar.
Com o pano de fundo dos 50 anos do 25 de Abril e numa encenação próxima do teatro documental e de proximidade, “Voltamos Todos” parte da guerra colonial e recupera memórias destes 50 anos de um grupo de 12 homens residentes no bairro da Misericórdia, em Braga.
O festival fecha as cortinas no dia 08 de outubro, com o espetáculo “Palavras Pendentes”, da MalaD’arte Produções, que “desafia as convenções sociais e mergulha nas profundezas da alma humana, explorando os efeitos corrosivos da opressão e a anulação da liberdade individual”.
O Braga En’Cena representa um investimento municipal de 15 mil euros, a que acresce a cedência de espaço do Theatro Circo para os oito espetáculos.