O presidente da Câmara de Viana do Castelo defendeu, esta terça-feira, o diálogo no sentido de “encontrar uma solução” para fixar no concelho uma das pirogas encontradas no rio Lima, admitindo que outros exemplares “façam parte de uma rede”.
Luís Nobre reconheceu ter existido, em Junho, uma reacção “emocional” devido à surpresa causada pelo anúncio da instalação em Caminha da primeira piroga monóxila encontrada há 39 anos no rio Lima, em Viana do Castelo.
“Interessa é haver diálogo para encontrar uma solução. Estamos a dialogar com todas as entidades para encontrar uma solução em que todos se sintam confortáveis. Se elas [as embarcações construídas a partir de um único tronco de árvore] apareceram em Viana, temos de cuidar da sua fixação no concelho, mas nada impede que outros exemplares possam fazer parte de uma rede”, observou esta terça-feira.
O autarca socialista indicou que a peça que vai ser exposta em Caminha “tem o simbolismo de ter sido a primeira a ser encontrada”, mas trata-se de uma peça privada, que foi “adquirida por um caminhense que decidiu doá-la à Câmara de Caminha”.
Nobre observou que são várias as pirogas encontradas no rio Lima, pelo que a intenção é que uma seja exposta no concelho.
O presidente da câmara minhota referiu também que já teve “reuniões com a Direcção-Geral do Património e já falou com a Câmara de Caminha” sobre o assunto.
A 25 de Junho, o autarca afirmou ter sido completamente “colhido de surpresa” pelo anúncio de que a piroga encontrada há 39 anos no rio Lima ia integrar o espólio do museu de Caminha.
No dia anterior, a Câmara de Caminha (PS) revelou que ia celebrar com o Património Cultural IP um contrato de cedência da primeira piroga monóxila encontrada há 39 anos no rio Lima, em Viana do Castelo, para ficar exposta no museu municipal.
O acordo prevê a cedência da piroga, classificada como tesouro nacional, por um período de cinco anos, prazo que pode vir a ser renovável.
Designada Lima 1, a piroga remonta ao período entre a segunda metade do século X e a primeira metade do século XI.
A Câmara de Caminha adiantou que a “piroga foi retirada do leito do rio Lima, em Viana do Castelo, no dia 2 de Março de 1985, e transportada para um armazém pertencente à capitania local, onde passou despercebida”.
Viria a ser comprada por Raúl de Sousa, à época funcionário da Câmara de Caminha e pertencente ao grupo organizador do Museu Municipal de Caminha (MMC).
Ao todo, foram encontradas sete pirogas no rio Lima, classificadas como Conjunto de Interesse Nacional (CIN), tendo-lhes sido atribuída a designação de “tesouro nacional”, segundo decreto publicado em Diário da República, em Junho de 2021.
Do conjunto, a descoberta da primeira piroga remonta a 1985 e a última a 2023.
As peças encontram-se no Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), em Lisboa.