A história continua a marcar o andamento do concelho de Terras de Bouro. 510 anos depois da atribuição do foral, o território do «povo determinado e de luta», como escreveu D. Manuel I, continua a «fazer sentido». Este é agora o «concelho verde, ativo e saudável», que assenta o futuro no turismo, com olhos postos no Parque Nacional da Peneda-Gerês. «Ninguém defende mais o parque do que quem lá vive. Queremos as freguesias e o PNPG com gente», alertou o presidente da câmara municipal, Manuel Tibo, esta manhã, durante as cerimónias oficiais do Dia do Concelho, presididas pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco.
Numa maratona de homenagens a individualidades, empresas e instituições que «contribuíram para a afirmação e desenvolvimento do concelho», o foco das intervenções esteve mesmo centrada na “coesão territorial”.
«Esta terra tem dificuldades, da distribuição de recursos e da necessidade da descentralização para criar novas oportunidades económicas. Só assim seremos competitivos e atrairemos mais gente», referiu o autarca local. Manuel Tibo deu o mote: «o desenvolvimento mais equilibrado passa pela coesão territorial e pela redistribuição de recursos».
Manuel tibo, que hoje confirmou a sua faceta de “estar de bem com todos a favor do território”, traçou uma estratégia «assente na valorização das atividades económicas (turismo é a alavanca natural) e no desenvolvimento sustentável», não esqueceu de pontuar a necessidade de «reduzir assimetrias deste país. Precisamos de uma visão mais atenta a estes territórios de baixa densidade».
Num dia de «gratidão», um dos homenageados, o ministro José Manuel Fernandes, vincou o «comunitarismo aqui presente. É sinónimo de amor pela terra. A força das raízes». Na sua óptica, «são rios que nos unem e fazem pontes. Estes territórios merecem discriminação justa e não positiva. A nossa dívida pelo que fazem é enorme».
JM FERNANDES: «Este é um diamante da natureza».
O ministro da agricultura e pescas e ex-eurodeputado também não esqueceu de assinalar que «a presença da pessoa é o melhor contributo para a defesa e valorização do território. Os 4,5 mil milhões dos fundos de coesão deveriam ser distribuídos de forma mais equilibrada».
E finalizou: «este é um diamante da natureza».
AGUIAR BRANCO: «Precisamos das vossas vozes».
«É preciso criar proximidade aos cidadãos, entre eleitos e eleitores. Estar junto das pessoas promove a aproximação», defendeu o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, que lembrou as suas raízes minhotas. «No Minho, sinto-me em casa, pela raiz de Guimarães e Famalicão do meu pai e de Braga, por parte da minha mãe».
Lembrando as «relações nem sempre fáceis» entre Guimarães e Braga, diz que foi aí que ganhou «propensão para os consensos. Vem das raízes genéticas».
Lembrando estar em terras de «gente honesta e trabalhadora, orgulhosa das suas raízes, acolhedora e que sabe cuidar», pediu o mesmo espírito na nova ordem política. «Os portugueses devem ver no Parlamento a sua casa, partilhar a cultura e produtos. É um espaço aberto a todos. Quero estar com as pessoas e levar o Parlamento onde as pessoas estão».
Admitiu que há um «afastamento da política. O sistema não é perfeito. Tem que ser reformado. A democracia é a arte do diálogo. Apelo à participação cívica e pública de todos. Precisamos das vossas vozes».
Encerrou revelando que vai propor «um voto de congratulação na AR pelos 510 anos da atribuição da carta de foral a Terras de Bouro. Devemos ter orgulho no nosso passado. Olhemos o futuro com ambição e com rasgo».
A manhã ficou marcada por realização de extensas homenagens (ver lista)