O Bloco de Esquerda (BE) alertou, este domingo, para a necessidade de pensar a mobilidade em Braga, onde a ideia de uma cidade “amiga do automóvel ligeiro” faz com que, segundo os bloquistas, “os veículos tenham apenas duas velocidades de circulação: ou parados nas filas de trânsito ou demasiado depressa”.
“Os recentes episódios de atropelamentos infelizmente voltaram a trazer o problema da mobilidade em Braga para as notícias do dia. E esse problema não se resolve com medidas pontuais, como a adoção do BRT, nem com a criação de “equipas de trabalho” como anunciou recentemente a vereadora da Educação”, refere o BE.
Para o partido, “se, inicialmente, as variantes permitiram fazer fluir o trânsito automóvel e favoreceram a criação de uma área exclusiva de circulação pedonal no centro urbano, o crescimento da cidade levou à incorporação das variantes no seu perímetro, o que aumentou significativamente a sinistralidade e agravou os problemas de congestionamento”.
“Como é óbvio, não podemos exclusivamente relacionar cada um dos sinistros acontecidos com a política do município, mas é inequívoco que a promoção da circulação em automóvel ligeiro potencia os acidentes, e que o atual executivo não só nada fez para minimizar o problema, como ainda o agravou. E não será necessário criar uma equipa de trabalho depois de 11 anos de governação para revelar o que está à vista de todos”, critica o BE.
Os bloquistas lembram, que nas últimas eleições autárquicas, defenderam “uma solução que passa por considerar três dimensões essenciais: o desenvolvimento do transporte público como prioridade, a transformação progressiva das variantes em avenidas urbanas e a periferialização do trânsito de atravessamento do concelho”.
“Isto tem de se traduzir numa cidade amiga dos peões e da mobilidade suave e não dos carros. Em concreto, e entre outras medidas, propomos facilitar a mobilidade para os peões com percursos pedonais, passeios com pisos regulares, passadeiras elevadas e mais frequentes, com sinalética vertical e horizontal adequada, uma rede articulada para veículos suaves e transportes públicos com prioridade sobre os particulares”, especifica o partido.
O BE defende igualmente que os veículos de transporte público tenham vias próprias “para poderem cumprir horários, uma rede articulada dos TUB-CP, mais transportes suburbanos e entre concelhos, maior e melhor informação, passes intermodais e o alargamento da rede e a frequência das carreiras”.
“Isto implicará, por certo, medidas que se podem revelar impopulares, como a limitação do acesso dos veículos ligeiros a zonas com grande pressão de tráfego e a reconfiguração das vias rápidas para diminuir a velocidade dos automóveis. Mas tem de ser feito! Em Braga uma pessoa é atropelada de três em três dias e não podemos continuar a olhar para isto como se fosse inevitável. É hora de agir e o Bloco de Esquerda não deixará de denunciar a falta de ação da Câmara e apresentar soluções”, conclui o comunicado.