O Presidente da República apelou para que se recuse o “monopólio da verdade” e se superem “discriminações injustas” e sublinhou que para muitos o dia de hoje é apenas “o Natal possível”.
Marcelo Rebelo de Sousa assina esta quarta-feira, como habitualmente, um artigo de opinião publicado no Jornal de Notícias, intitulado “O Natal possível”.
“Todos os dias – se estivermos atentos – descobriremos que o Natal de muitos, quase todos, é, sempre, o Natal possível. Não o Natal sonhado ou idealizável”, referiu.
No texto, o chefe de Estado lembrou “os milhões que nem sequer podem ter um dia em que a sua vida de miséria, de fome, de guerra, de exploração, de sofrimento, seja diverso de todos os demais”, bem como os doentes, os reclusos ou os servidores da causa pública “em missão nas mesmas lonjuras do universo”.
“Mais perto de nós, vizinhos, formal ou informalmente cuidadores, sem abrigo, com abrigo e sem teto, sem emprego, sem esperança, sem razões para continuar a lutar. O Natal possível, para uns, é, na verdade, impossível ou quase”, lamentou.
O Presidente da República disse ter-se deparado com exemplos nos últimos dias “nas comunidades distantes das famílias, a fazerem natais possíveis”, nos soldados perto de guerras ou conflitos, mas também cá dentro “noutras comunidades onde a pobreza e a solidão ainda encontram um esconderijo para conviver e evocar pessoas e lugares motivadores”.
“Ou, então, comunidades vindas do outro lado do mundo, a mitigarem agruras pela duração de um instante. O Natal possível acaba por ser – por ter de ser – fruto de esperança e insatisfação feita luta por valores, por princípios e por causas concretas”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou que a dignidade da pessoa tem de ser sinónimo de liberdade e de igualdade.
“A liberdade determinando diversidade de ideias, pluralismo de modos de pensar e agir, tolerância, aceitação da diferença, recusa do monopólio da verdade. A igualdade exigindo a superação das discriminações injustas, os guetos, as exclusões, a perpetuação da pobreza de geração para geração”, afirmou.
Para o chefe de Estado, “não deixar morrer estes e outros valores e princípios e causas concretas de os fazer valer é encontrar um espaço para o Natal possível”.